21 de março de 2010

Os indivíduos de vida equilibrada procuram, por todos os meios, evitar atos de leviandade.

Os indivíduos de vida equilibrada procuram, por todos os meios, evitar atos de leviandade. Para isso, é preciso controle de raciocínio, senso alto de responsabilidade, hábito formado de respeito ao próximo, acatamento invulnerável à dignidade humana.

Alguns cometem atos de leviandade simplesmente por desleixo, por abandono de si mesmos a um vago modo de encarar os panoramas da vida terrestre. A criatura pode mostrar-se leviana na maneira de se pronunciar e de agir. Ao expressar-se, nunca deve ofender a moral com conceitos repudiados pela sociedade, numa liberdade de linguagem comprometedora dos bons costumes.

Quanto ao modo leviano de agir, os conseqüentes agravos para a alma são ainda maiores. A decomposição dos lares tem a sua origem, quase sempre, em atos levianos. De leviandade em leviandade, chega-se à corrupção, se não houver uma reação pronta e contrária que altere o rumo dos acontecimentos em marcha. Nem todos andam preocupados em não cometer atos levianos; se a oportunidade passar ao seu alcance, não deixam de aproveitá-la, afundando-se, em seguida, na lama da concupiscência.

Nenhum ser, antes de encarnar, deixou de trazer consigo o propósito de não cair na fraqueza da leviandade, em cuja armadilha só se prendem os que não fazem uso dos poderes espirituais inatos que, em qualquer tempo, se quisessem, poderiam deles se valer. Se as leis espirituais permitissem que as criaturas encarnassem sem possibilidade de se defenderem, com êxito, das artimanhas do mundo, seriam insensatas. Como, no entanto, ninguém pode admitir esse absurdo, fica evidente que os que caem, que baqueiam, que se afundam no trajeto da existência terrena, são vítimas de si mesmos, da sua falta de atenção, da indolência mental que adquirem com o mau uso do livre-arbítrio.

Viver despreocupadamente, como se não tivessem obrigações nem deveres, só porque o dinheiro lhes dá o que o desejo sugere, é mal de muitos, e desse engano terão de sair, para o seu bem, à custa de lições apropriadas que o futuro se encarregará de dar. É justamente dessa despreocupação que surgem os momentos perigosos, quando o indivíduo escorrega no limo da leviandade.

Qualquer ato desonesto é leviano, e atesta insanidade moral e incapacidade voluntária de reagir contra a decomposição que se opera no patrimônio espiritual do ser. A leviandade é destruidora, negativista, desmoralizadora. Para vencê-la, a criatura precisa colocar-se em posição contrária a ela, sem se descuidar, sempre alerta, para não ser surpreendida por lances furtivos e imprevistos.

A reeducação do espírito se faz pela leitura e meditação. Leiam-se obras escolhidas de cunho espiritualista, como as que o Racionalismo Cristão oferece, ponha-se em prática o que se aprender, a única maneira de se atingirem os resultados desejados. Aqui estão focalizados os efeitos maléficos da leviandade, doença psíquica incômoda, perniciosa, devastadora. O indivíduo leviano é boicotado, afastado, inutilizado. Os que sentem a inferioridade do estigma leviano não querem familiaridades com seres dominados por essa falha. A aproximação do leviano traz o risco de causar prejuízos, desgraças, desgostos e sofrimentos.

A leviandade é uma debilidade moral que se formou geralmente em encarnações distantes, sem ser combatida durante muito tempo, dando, como resultado, fixar-se na alma com traços mais ou menos fortes. A terapêutica espiritualista, que não foi aplicada nos séculos passados, é que pode dar cabo desse desequilíbrio psíquico, pelo escasso conhecimento dessa disciplina. É uma leviandade incutir no espírito das criaturas idéias falsas de céu e inferno, com o subalterno intuito de, à custa de dinheiro, exercitarem ofícios que, enganosamente, promovam ou a entrada nesse céu fantástico, ou o esquivamento do terrífico inferno.

A leviandade impera por toda parte, na razão direta da ausência da espiritualidade. Por isso, estão cheias as prisões e são precisas legiões de policiais para manterem a ordem, a fim de evitar maiores desatinos provocados por atos levianos. O indivíduo deverá habituar-se a pensar antes de falar, antes de agir, sempre afinado com o desejo de ser agradável e útil ao seu semelhante, em lugar de empregar termos grosseiros, vulgares.

Cada um deve procurar educar-se a si mesmo, sem necessidade de esperar que outros lhe apontem as falhas. É necessário ver onde está o erro na sua conduta para, então, tratar de suprimi-lo. O leviano traz consigo a forja em que se manipulam os erros. É possível ao leviano deixar de o ser, corrigindo energicamente o seu modo de proceder. Basta que se disponha a não mais ser leviano, e essa decisão firme será uma barragem, um obstáculo de oposição a esse mal.

O ser, como partícula inteligente que é da Força Criadora, tem em si atributos que podem ser utilizados para o bem, bastando que se disponha a fazer uso deles: são a força de vontade, a coragem, a capacidade de controle, o valor, a independência moral, o caráter, a nobreza de sentimentos e a vocação espiritualista. Desde que esses atributos estejam sendo usados com o fim de desenvolvê-los, não haverá mais leviandade que se possa manifestar.

Uma vez que se saiba que os atos levianos produzem manchas no espírito que precisam ser lavadas depois, quase sempre em outras vidas, com dores morais cruciantes, não se justifica que a criatura, por teimosia ou indiferença, queira manter-se nessa falsa posição que lhe trará tão angustiantes transes em caminhadas futuras.

A vocação para seguir pelo caminho da espiritualidade todos possuem, porque todos são espíritos; o mal está em que muitos não querem reconhecer essa verdade e preferem só acreditar naquilo que podem apalpar, presos a um conceito puramente materialista, que é o principal responsável pela incidência da leviandade. Sob todos os aspectos, só há segurança para os que se encontram encarnados se não formarem um cabedal de falhas e erros evitáveis e se decidirem a viver de acordo com as normas espiritualistas muito bem codificadas nos verdadeiros princípios cristãos.

O Racionalismo Cristão possui tais normas codificadas em suas obras. Ninguém, que as ponha em prática, deixará de aproveitar integralmente a sua encarnação, porque não criará nódoas para limpar no futuro e, ao penetrar no seu mundo de luz, após o desenlace físico, terá a satisfação de ver cumpridas as suas obrigações terrenas e resgatados os seus compromissos. Esse fato lhe proporcionará meios de alcançar o nível imediato e superior de evolução.

Quando for incapaz de cometer atos levianos e tiver fortalecida a sua estrutura espiritual por outras práticas de valor moral, a criatura poderá fazer jus a prosseguir na sua rota evolutiva, em meios mais adiantados, amenos, em que desfrute de maior felicidade. Esses alvissareiros informes não devem ser desprezados, pois, se todos andam em busca de maior felicidade, nada mais razoável do que aceitar o caminho que se lhes indica, para satisfazerem as suas aspirações.

O que profundamente se deseja é que todos encontrem essa almejada felicidade, e que não seja mais preciso usar o sofrimento como meio de conduzir os seres ao espiritualismo, e mais: que os ensinos da moral se concretizem na Terra e todos possam estimar-se, viver em congraçamento, fraternalmente unidos, solidários, com amizade, respeito e amor. Por isso é que afirmamos que a felicidade existe.