18 de março de 2010

A evolução do espírito se traduz na simplicidade, na maneira como o ser vive neste mundo, agindo sempre com inteligência, razão e bom senso.

A espiritualidade dos seres nota-se e sente-se nas irradiações e produções, nas suas atividades, no seu desenvolvimento intelectual, pois quanto mais evoluído o espírito, mais ativo, mais inteligente é.

A espiritualidade difere, porque os espíritos não são todos da mesma categoria e, assim sendo, não podem todos possuir idêntica espiritualidade, porém o progresso espiritual se faz através das encarnações e desencarnações.

O Racionalismo Cristão, como doutrina, procura esclarecer as criaturas, a fim de que não se iludam, a fim de que compreendam a necessidade de se espiritualizarem, enveredando pelo caminho que mais depressa as faça galgar o terreno espiritual.

O esclarecimento que o Racionalismo Cristão dá aos seres tem a finalidade de os predispor ao conhecimento de si mesmos, evitando que percam encarnações preciosas, pois há espíritos que vêm encarnar e da Terra partem sem nada terem feito em proveito espiritual.

A vaidade leva muitas criaturas a supor que são uns grandes espíritos, umas grandes inteligências, quando é certo que o espírito verdadeiramente evoluído e inteligente não é vaidoso, não tem pretensões tolas e até dá pouco valor àquilo que produz, acha sempre que deveria produzir mais e melhor.

A evolução do espírito se traduz na simplicidade, na maneira como o ser vive neste mundo, agindo sempre com inteligência, com sagacidade, mas sem estar dando importância à sua pessoa, que chega a não se aperceber do seu real valor.

O Racionalismo Cristão quer a humanidade espiritualizada, sabe que não pode haver progresso espiritual nem material, nem os homens poderão legislar com acerto, produzir, criar e inventar, se desconhecerem a ação da vida fora da matéria.

Haja espiritualidade e existirá um mundo melhor. Nele todos se sentirão mais à vontade para trabalhar, para produzir, porque terão os meios necessários para viver com facilidade. Saberão ter personalidade espiritual, caráter, força de vontade para o bem.

Há espíritos que desde a infância demonstram pelos seus atos, pelas suas brincadeiras, diversões infantis, a personalidade caracterizante do homem que vai ser. Estudando psicologicamente a criança, podeis observar nela o espírito que a anima. E é de personalidade moral que os homens carecem para haver um mundo melhor, de ordem e de paz. Mas, infelizmente, há crise de caráter, e aqueles que possuem qualidades nem sempre são bem aceitos, porque a humanidade está afeita à hipocrisia, à mentira, repelindo assim as criaturas sinceras, leais e verdadeiras, mas pouco importa, porque o mundo processa a sua evolução, quer os seres queiram, quer não queiram. É uma verdade triste, mas que não podemos deixar de dizer.

O estado espiritual da humanidade seria bem outro, se outra também fosse a mentalidade dos seus condutores espirituais. Infelizmente, os espíritos, reencarnando, não têm encontrado campo propício para desenvolverem as idéias com que encarnaram. Há muito, mas muito mesmo a se desejar. Como modificar a situação? – Educando, preparando homens e mulheres para o dia de amanhã. Instruir e educar racionalmente a criança é preparar esse mundo melhor de que tanto falam, mas pouco trabalham para a sua existência. Há uma dissipação constante na criança, na mocidade, dissipação que impede a concentração do espírito naquilo que lhe facilite demorar o raciocínio sobre as coisas sérias da vida. A educação mental e intelectual requer disciplina, método na maneira de ensinar e de viver, e isso falta de uma maneira espantosa, desde os lares às escolas.

Há muita falta de orientação intelectual, mental e moral. Há pais que procuram educar os seus filhos, que se esforçam por preparar os seus espíritos dentro dos bons princípios educativos, mas que vêem perdido depois o seu tempo, quando os filhos entram nas escolas, por faltar autoridade moral aos professores.

Há um descaso completo pela educação da criança, e esse descaso vem aumentando de dia para dia, com a falta de respeito e de disciplina nas escolas. E, no entanto, é sabido que sem instrução não pode haver um povo são e forte.

Um povo inculto, indisciplinado, supersticioso e fanático será sempre infeliz. A ignorância da verdade impede que a criatura raciocine com acerto, impede que ela veja claro na vida. É, portanto, a ignorância a causa dos maiores males que assoberbam a humanidade.

É preciso instruir, é preciso formar povos esclarecidos. Um homem sem conhecimento será um mau caráter, viverá sem vontade própria e desprovido dos princípios de honestidade, de valor e honra.

O Racionalismo Cristão bate-se pela instrução e pelo preparo espiritual da criança. É preciso preparar a criança para, quando na adolescência, estar o espírito com o seu caráter, com a sua personalidade formados. Quando o espírito encarnado chega a uma certa idade, aquela em que o raciocínio começa a desenvolver-se, é preciso que haja quem o encaminhe, quem o elucide como verdadeiro amigo.

Eduque-se sem despotismo, sem condenáveis e humilhantes castigos físicos, aplicados à força bruta, com energia animal, que não faz outra coisa que não seja irritação. É preciso estudar o temperamento e as inclinações dos espíritos, para saber guiá-los na vida. Os pais e os professores devem saber chamar a si os filhos e os alunos e nunca afastá-los, porque é um perigo. É um grande perigo os pais ou as mães com certas atitudes afastarem os filhos de si, porque afastando-se encontrarão lá fora, nos outros, uma amizade que pode ser falsa, insincera e nisso está o perigo das más companhias, dos amigos perversos, que só corrompem e desgraçam os filhos escorraçados com a severidade dos pais, que deveriam ter sabido ser pais e amigos.

Saibam os pais chamar a si os filhos pelo carinho e respeito, pela energia espiritual, franca, leal e sincera, estudando a maneira como devem atraí-los, falando-lhes, explicando-lhes racionalmente as coisas de que precisam saber para poderem entrar no mundo de trabalhos e de lutas devidamente esclarecidos, fortes, cônscios dos deveres morais e materiais a cumprir, formando-lhes assim o caráter.É preciso cuidar de formar a personalidade do homem e da mulher, para que no futuro os pais e os professores sintam a consciência tranqüila por haverem cumprido os seus deveres para com os filhos e para com os discípulos, concorrendo assim para melhorar o mundo, educando e instruindo a humanidade em geral.

Luiz de Mattos fundador de Racionalismo Cristão.