22 de março de 2010

O bem maior está na evolução espiritual, agregando ao capital humano um acervo inalienável de virtudes.

Os valores de qualquer ordem de cunho material, perdem a sua grandeza diante do capital humano, representado pelo espírito, que é o valor máximo da natureza. O capital humano deve, pois, ser tratado com o maior desvelo, com a mais profunda dedicação, com um cuidado total.

As obras meritórias, os serviços de filantropia, os esforços para a recuperação do homem, visam proteger, resguardar esse imenso valor constituído pelo capital humano. As guerras representam o maior flagelo da humanidade, porque o que elas destroem de mais precioso é o homem.

Uma nação floresce, civiliza-se, enriquece o seu patrimônio científico, impõe-se pela literatura e pelas artes, na medida do valor dos seus filhos. Estes podem representar maior ou menor riqueza na sua constituição, conforme o trato que se lhes der em particular, porque é com a sua união que se forma aquele capital.

Se todos os indivíduos forem tratados com a mesma dedicação e puderem usufruir idênticas regalias, os componentes de uma nação atingirão os mais altos níveis de desenvolvimento. Para se dar substância real ao capital humano, nada é mais necessário do que fortalecer o indivíduo, instruindo-o, preservando a sua saúde, alimentando-o racionalmente e imprimindo em sua vida os ditames da moral.

É preciso fazer prevalecer na comunidade o espiritualismo como ponto básico, fundamental, para o arejamento e higienização das mentes e a boa formação moral dos seres encarnados. Observada a disciplina espiritualista, as demais regras humanas, superiorizadas, se sucederão na prática, emanadas dessa fonte inesgotável de princípios elevados, salutares e justos. É preciso enveredar pelo caminho da espiritualidade para sanear o modo de viver.

A valorização do homem é reconhecida pela demonstração do seu caráter, da sua honestidade, da sua operosidade, iniciativa, capacidade produtiva, inteligência cultivada e benignidade. O capital humano é formado da soma dos valores dos seres conscientes, capazes, e quanto maior for o número deles tanto mais grandiosa será a sua importância. Sendo a maior riqueza de uma nação, o capital humano deve ser desenvolvido ao máximo, criando-se meios para a sua consumação.

Todo esforço, todo dispêndio empregado no apuramento do potencial humano não é demais, pois a riqueza que ele desenvolverá é incalculável. Cada nação, enquanto todas elas não tiverem um só governo para uni-las fraternalmente, como seria o ideal, precisa possuir, para maior êxito das suas administrações, um critério rigidamente consolidado no princípio da valorização do homem.

As nações que melhor levarem a efeito a arte de retirar do homem o máximo da sua capacidade útil, fornecendo-lhe o correspondente incentivo, o preparo mental e espiritual, estarão contribuindo, poderosamente, para a conquista dos mais elevados objetivos da vida. As várias formas político-doutrinárias que orientam os povos ressentem-se de falhas que não as deixam alcançar aquele padrão de vida a que o ser humano aspira e não sabe como encontrar.

O regime democrático, com a sua liberalidade sublime e a generosa liberdade que oferece, não se torna ideal sem o concurso da espiritualidade. É no regime da democracia que proliferam, à sombra da liberdade, os gananciosos, os tubarões da economia popular, os aventureiros dos lucros fáceis, os usurpadores, os agenciadores dos trustes, os ladrões de colarinho branco, os cavadores inescrupulosos, os vigaristas, os difamadores, os canalhas da imprensa marrom, e todos aqueles que fazem profissão das técnicas que se encontram arroladas nos compêndios da velhacaria, da traição, nos atos praticados pelos trapaceiros e crápulas, em toda a sorte de atributos negativos. Para estes, a democracia é o regime ideal, por conceder todos os meios que facilitam as suas práticas criminosas.

O totalitarismo materialista elimina, pela força, quase toda a ação desses delinqüentes, mas não os reforma, apenas os contém, amordaçados pelo poder discricionário e absolutista. Explora materialmente o capital humano, conseguindo desse capital ótimos resultados. Nesses dois regimes citados, em parte antagônicos, o que falta é, apenas, um elemento intrínseco de influência vital, insubstituível, fundamental: a força espiritual.

As duas ideologias podem sofrer impactos dos mais funestos, sem a garantia da vitalidade espiritualista. Não se omita, contudo, o que elas contêm de aplausível nas suas essências. A liberdade de pensamento e de ação figura como um ideal dentro da democracia, o que representa para o ser humano uma reivindicação constante e ardente. A forma dirigida de apurar e desenvolver o capital humano constitui uma regra no totalitarismo, com o que o fenômeno da miséria pode ser superado.

Ambas as doutrinas têm as suas virtudes, e a tarefa humanitarista está em reunir, num só programa essas virtudes, sob o patrocínio dos princípios espirituais.

Em Planos Superiores, ninguém pode burlar ou enganar, escondendo intenções condenáveis, não há lugar para a delinqüência, e, assim, não precisa haver uma força de contenção da prática do mal, do abuso e da indisciplina, com o cerceamento da liberdade. A liberdade é ali respeitada, sem coação, porque o estado de consciência está de tal modo alertado, e as reservas íntimas são de todos tão conhecidas, que ninguém pensa em arquitetar planos que redundem em abuso da liberdade.

Na Terra, poderá o engenho político aproximar-se daquele padrão, tomando-o como modelo, desde que os preceitos da espiritualidade figurem na sua composição, fato que se consumará por encontrar-se na linha da evolução. Um socialismo inspirado em normas educativas da sensibilidade do espírito, em que a moral substitua todas as práticas egoísticas em voga, é uma medida salvadora para a humanidade.

O capital humano, tratado com sublimação de vistas, alcançará os mais altos píncaros da glória, em evolução acelerada. Por onde se vê que os graves problemas que agitam o mundo estão na dependência, para uma feliz solução, de entregar-se o povo aos estudos sérios do viver eterno, em marcha decidida pelo caminho da espiritualidade.

Urge dar-se um passo à frente nesse sentido. Os que tiverem ao seu alcance as obras racionalistas cristãs dispõem de precioso meio para fazer desabrochar todos aqueles valores internos que aguardam apenas uma ordem, uma demonstração de interesse, para se manifestarem e transformarem a sua razão de viver.

Procure-se meditar no imenso valor das riquezas espirituais que cada um possui, e nas melhores maneiras de as aproveitar. A coletividade precisa imensamente que cada indivíduo desenvolva os seus recursos ainda não revelados, mas reais e presentes nos recônditos da alma.

O capital humano é a soma do capital espiritual dos seres componentes da humanidade. A Força Criadora envolve o capital real de todos os seres do Universo. De tudo quanto se sente na órbita espiritual, é esse capital que prevalece. Assim, cuidar da vida espiritual e a ela se dedicar é dever de todos. Quanto mais evoluída estiver a criatura, melhor compreende essa obrigação.

Substituir os atributos negativos pelos positivos é o processo normal da evolução. Para tanto, devem ser afastados os esmorecimentos. As vantagens decorrentes são indescritíveis. Para atingir esse resultado, ninguém precisa ultrapassar as suas próprias forças, pois todos os requisitos estão latentes no espírito de cada ser, por tratar-se de uma riqueza oculta no recesso da alma, que se deseja manifestar. São as vibrações baixas dos sentimentos inferiores que estão encobrindo e contendo essa riqueza, bastando que a força de vontade imanente em toda a criatura se imponha, para fazer revelação.