17 de março de 2010

O gênero humano, dotado de inteligência, razão e raciocínio, só se tornará verdadeiramente humano quando se tornar espiritualizado.

Estudando a humanidade nos seus diversos aspectos, nas suas múltiplas modalidades, observando bem, analisando a sua maneira de ver, de sentir e de agir, concluirá o espírito estudioso e inteligente que muito e muito precisa ainda aprender para saber dar valor à vida, vida que muita gente vive sem saber como e por quê, vida a que muita gente se atira num atordoamento inexplicável, vida que é mais irracional do que racional.

O gênero humano, dotado de inteligência, razão e raciocínio, diferindo, portanto, muito e muito dos animais que só agem pelo instinto, só se tornará verdadeiramente humano quando chegar a ser espiritualizado. Mas é bem difícil espiritualizar a criatura quando ela prefere rastejar a andar de pé.

Como é difícil fazer despertar o espírito humano! Como é árduo o trabalho daqueles que pretendem fazer da humanidade criaturas capazes para a luta pela vida, desejosas de se espiritualizarem, para que, encontrando obstáculos aparentemente invencíveis, saibam transpô-los com altivez, o que não podem fazer os empedernidos, que tão teimosamente persistem no erro, porque dificilmente se lhes faz compreender a verdade. Repelem essas criaturas a verdade, que muitas vezes fere, caustica, mas será sempre um remédio proveitosíssimo para o despertar de cada espírito.

O papel do Racionalismo Cristão é fazer despertar a humanidade, fazer com que compreenda a necessidade de saber viver, de dar mais valor aos dotes morais que possui e traz ao encarnar neste mundo para, justamente, aproveitá-los e desenvolvê-los em beneficio do próprio progresso.

É preciso esclarecer os seres humanos. O esclarecimento é que desperta o espírito. Esse esclarecimento tem que se fazer e nós não nos cansamos de irradiar sobre a humanidade. Mas observa-se que muitos espíritos que podiam aproveitar os ensinamentos recebidos, as lições gostosamente dadas, desprezam tudo, esquecem tudo, para continuar materializadamente, grotesca e brutalmente a viver como apraz aos ignorantes.

Continuaremos, porém, a esclarecer, a fortificar aqueles que precisam do nosso conforto espiritual, para poderem encarar os problemas da vida, as vicissitudes, as agruras e os sofrimentos. Continuaremos a trabalhar para aqueles que desejam progredir, que desejam ser algo na vida. Os outros que colham o prêmio do seu descaso e da sua indiferença, pois o pior cego é o que não quer ver.

Ser ignorante dos porquês da vida é natural, quando a criatura não possui conhecimentos nem bagagem para vencer a ignorância. Mas ser ignorante proposital, ser cego porque não quer ver, isso é teimosia, isso é demonstrar possuir inteligência empedernida, e, portanto, difícil será o esclarecimento nesta encarnação.

Toda criatura pode errar por ignorância, errar por falta de conhecimentos. Mas pode, uma vez esclarecida, deixar de errar e emendarse. Quando, porém, o ser não quer ver, não quer reconhecer os seus defeitos, as lacunas do seu caráter, para poder preenchê-las, para poder corrigir-se, é porque é cego proposital e, infelizmente, há muita gente assim. Encastela-se nos seus conhecimentos, orgulhando-se de sua posição, porque fala nela apenas uma grande vaidade, e os acastelados na vaidade julgam-se seres de grande importância, não ouvem, não vêem e não sentem nada que fira a sua vaidade. Esses são os piores espíritos para se fazer despertar e esclarecer.

O maior mal da humanidade é a ignorância da verdade, mas essa ignorância deixará de existir quando as criaturas deixarem de ser vaidosas, educando o espírito para ter personalidade é um dever que assiste a todos. Todo espírito deve ter personalidade, porque, se a não tiver, não pode ter caráter. Mas não devem as criaturas confundir personalidade com vaidade.

Personalidade é um sentimento de independência espiritual que se adquire desde a tenra idade e que se cultiva com as experiências, na luta pela vida. A criança, ainda em tenra idade, demonstra a sua personalidade, que se torna mais acentuada quando o ser adquire a maioridade.

Cultivar a personalidade, não deixando envaidecer o espírito, é um dever dos pais, porque a vaidade impede o progresso, causa ruína espiritual e até material de muita gente, pois o vaidoso nunca enxerga os seus defeitos, julga-se perfeito, julga-se uma perfeição, só vê defeitos nos outros e não admite que lhe apontem os erros.

A vaidade prejudica muitos espíritos!

Todos podem errar, mas teimar no erro é persistência vaidosa e nada mais. Combatam, portanto, a vaidade, os sentimentos com que a encobrem muitas vezes, para não se tornarem criaturas antipáticas, orgulhosas e até indesejáveis.

A ignorância só desaparecerá quando se convencerem de que estão neste mundo para aprender, para se esclarecer e para se aprimorar.

Luiz de Mattos Fundador do Racionalismo Cristão.