16 de março de 2010

Feliz a criatura que se conhece a si própria!

Feliz a criatura que se conhece a si própria! Feliz, porque, conhecendo-se a si mesma, reconhece os seus defeitos, as suas imperfeições e têm, portanto, a oportunidade de corrigir-se. Infelizes daqueles que não se conhecem, porque, não se conhecendo, não percebem os papéis tristes que representam.

Todas as criaturas devem saber reconhecer aquilo que são, a capacidade que possuem, e assim, viverem com naturalidade, com simplicidade. É muito mais honrosa essa conduta do que as criaturas quererem aparentar aquilo que nunca conseguirão ser.

Quanto mais modesta e simples a criatura, mais consideração, respeito e admiração terá; quanto mais inteligente e preparada, mais simples deve ser, porque a sua inteligência aparecerá mais fulgurante ainda; debaixo da sua simplicidade, esconderá aquilo que sabe, dando valor ao que valor tem, certa, porém, de que "honrarias, mais vale merecê-las e não tê-las, do que tê-las e não merecê-las". Tudo, enfim, que é balofo, superficial, tudo que é excentricidade, não deve ter valor para as criaturas de caráter bem formado.

Aqueles a quem faltam alicerces morais, intelectuais ou materiais, por várias circunstâncias podem subir na vida e daí tornarem-se vaidosos e pretensiosos, grandemente orgulhosos, mas, amanhã, pode tudo ruir por terra.

Aprenda a criatura a conhecer-se a si própria, procure aquilatar bem o seu valor, aquilo que é capaz de produzir e de ser. Esforce-se, por sempre saber enriquecer a sua mente, aumentar a sua cultura e até melhorar sua vida material, mas nunca aumentar a vaidade, nem criar complexos que lhe poderão ser bastante desagradáveis no futuro.

O homem de valor é aquilo que procura ser e conhecer e não aquilo que aparenta ter. Nem sempre as exterioridades traduzem o que intimamente são; é preferível ser superior no íntimo, do que mostrar superioridade e ser inferior intimamente.

Tudo o que é superficial é pernicioso, e o Racionalismo Cristão quer que todos sejam sinceros e verdadeiros para consigo próprios, e assim sendo serão também justos para com o seu semelhante.

Caminham os homens em época presente de maneira bastante duvidosa, porque a maioria deles pretende somente aparentar, subir, galgar posições para depois abusarem dessas posições, abusarem dos direitos que possuem, e descem moralmente, descem na sua honestidade, tornando-se enfim em criaturas indesejáveis. Não adianta subir assim. É preferível nunca ter subido, é preferível manter-se na sua posição de trabalhador honesto, do que subir, galgar postos para deles fazer mau uso.

É uma obsessão que vem dominando os seres: "a do mando" ou do luxo, da riqueza, de quererem aquilo que os outros possuem. Invejar as posições altas, a riqueza dos outros é estar o ser a prejudicar-se, e nada mais. Em vez de invejarem, em vez de quererem usufruir fortuna, em vez de quererem posições para gozarem delas, saibam aumentar seu acervo espiritual, honestamente, por meio do trabalho, por meio do seu labor, do seu braço forte sendo sempre honesto. Ambicionarem aquilo que vêem nos outros, e perderem o que de bom possuem, a moral e a honestidade, é degradarem-se espiritualmente.

Quando a humanidade for mais esclarecida, estamos certos de que ela pensará melhor, acabarão as prepotências, cessarão os sentimentos que levam os homens à guerra, passarão eles a ser mais justos, mais sinceros, e sobretudo modestos.

Não queiram vitórias sem lutas, pois nada se consegue de bom neste mundo sem sacrifícios e sem trabalho, e tudo aquilo que é adquirido sem sacrifícios e sem trabalho não medra, não progride.

Saibam alcançar aquilo a que suas almas aspiram, honestamente, pelo trabalho, pelo esforço, pela constância; sejam sinceros e altruístas, e darão, assim, uma grande satisfação ao espírito, quando partirem deste mundo.

Portanto, coloquem de lado a vaidade, o orgulho, o egoísmo, e procurem enaltecer os atributos superiores do espírito, como o altruísmo, o benfazejo, a cordialidade e o respeito ao próximo.

Doutrinação de Luiz de Mattos