7 de maio de 2010

A vaidade é o último atributo negativo que o espírito humano renega em sua trajetória evolutiva.

A vaidade é uma das últimas falhas que abandonam o ser humano. Ela é terrivelmente enraizada no gênero humano. Há quem ostente a simplicidade pela vaidade de ser simples. A vaidade esconde‑se, traiçoeiramente, nos recônditos da alma, e os seus tentáculos se aprofundam de forma desconhecida. Por isso nada deve ser feito ou dito que alimente esse inimigo perigoso, quando não se sabe se está inteiramente morto.

Na medida do esclarecimento, o indivíduo toma ciência do que vale, conhece‑se a si mesmo e se acanha de ser elogiado, de passar pelo que não é, de ver alguém atribuir‑lhe virtudes que talvez não possua e privilégios que lhe pareçam estar acima dos seus merecimentos.

Há certas ocasiões em que o louvor pode ser aplicado como um estímulo, como reconhecimento de uma ação meritória, como meio de encorajar e realçar o exemplo, mas é preciso cuidado para não baratear o elogio, não desvalorizá‑lo, não se o empregando bajulatória e inexpressivamente.

Quanto mais espiritualizado for o ser, menos elogios deseja receber porque os estímulos e os encorajamentos lhe vão sendo desnecessários, cumpre o seu dever de maneira consciente e da melhor forma possível, sabendo que é sua obrigação proceder da melhor maneira possível, que não faz favor nenhum e, portanto, não precisa ser aplaudido.

A falsa modéstia é outra forma errada de agir, pois com ela o que às vezes se procura é a contestação, para provocar o elogio.

Nesta demonstração faz‑se o alertamento para que se abram os olhos da alma e se reflita sobre o assunto que constitui um ponto importante nos exercícios mentais de espiritualização.

A gratidão

A gratidão é um gesto afetuoso de demonstrar reconhecimento pelo favor ou atenção recebidos. O sentimento de gratidão é um dos elevados valores da alma. Uma criatura grata e reconhecida, atesta sentimentos apurados, compreensão humana; emociona‑se com a bondade alheia, tem em alta conta o sentido da solidariedade e está sempre pronta a seguir o exemplo daqueles que se fazem, espontaneamente, credores de reconhecimento.

Entretanto, focalizando o aspecto do agradecimento por outro ângulo, é de reconhecer‑se que a criatura, quando faz um bem de ordem espiritual, não deseja receber por ele agradecimento, porque se apenas serviu de veículo ou de instrumento para a concretização do benefício, evidentemente o sentimento de gratidão deverá ter outro rumo. Por este motivo, não se recebem, no Racionalismo Cristão, agradecimentos pelos benefícios espirituais que são distribuídos, por intermédio dos auxiliares, no cumprimento dos seus deveres.

Do Livro Ao Encontro de Uma Nova Era