10 de maio de 2010

Cresce em personalidade quando se procura esclarecer o verdadeiro sentido não só da liberdade como da autoridade.

Personalidade se adquire, não é privilégio de ninguém. Mas para conquistá-la é necessário fazer um cuidadoso auto-exame esclarecedor, a fim de enxergar as falhas e corrigi-las. São muitos os que sofrem e passam toda a existência sem ver, apesar de ter olhos, sem escutar, apesar de ter ouvidos. Abandonam os sentidos e preferem viver por hábito.

A vida abre suas portas àqueles que sabem o que desejam e como consegui-lo. Esquece-se muita gente de que há um dever modesto e muito escondido que consiste em refletir sobre as responsabilidades pessoais em todas as circunstâncias para não se deixar enganar e agir com acerto.

Cresce em personalidade quando se procura esclarecer o verdadeiro sentido não só da liberdade como da autoridade. O alvo da educação é a liberdade interior espontânea que determinará atos de adesão às normas sociais e aos preceitos morais. Liberdade, que satisfaz capricho e não suporta a espera entre o desejo e a realização, é distúrbio.

A autoridade só é eficiente quando tem diretrizes e não faz das sanções um clima, mas uma conseqüência que vise sempre não só proteção como correção. Revela-se personalidade na ambição racional, que consiste em movimentar o livre arbítrio, visando as boas realizações; na concentração de um grande esforço, para a realização do ideal.

Educar a mente através da música, da leitura, da arte, da literatura é a meta para dar ao espírito satisfação, desanuviando-o e esclarecendo-o sobre a conquista de uma individualidade consciente que vive com as próprias forças. Sem o conhecimento do íntimo é impossível cultivar a personalidade, cujos maiores obstáculos são a teimosia, a irritabilidade e o egoísmo.

O teimoso, porque possui mentalidade estreita, torna-se um fanático religioso ou político. Julga estar sempre com razão e sente prazer em manter-se em acaloradas discussões. Não respeita a opinião alheia e revolta-se com os qualificativos menos elevados que lhe dão. Torna-se antipático por não aceitar o ponto de vista de ninguém.

A irritabilidade, outro traço indesejável da personalidade, faz do indivíduo um supersensível, um explosivo crônico, cuja insatisfação consigo mesmo se revela pela própria infelicidade que também atira aos outros. Dos obstáculos, porém, à formação da personalidade, o de maior vulto é o egoísmo. É uma doença da alma, que apresenta sintomas pelos quais é fácil reconhecê-la.

O egoísta é vaidoso e prepotente. No afã de abastecer-se, não deixa lugar para os que o cercam. Se for homem, chega à situação vexatória de permanecer solteiro para não distribuir com a esposa o conforto que usufrui. Quando casado, intimida a esposa, distribui ira e espera que ela concorde com todos os seus planos, embora nem sempre estejam baseados na razão e decência.

Do Livro Caminhos Certos