Há sentimentos neste mundo que qualificamos de superiores e outros que qualificamos de inferiores. Os sentimentos superiores são sempre dignos, elevados e bons. Enaltecem e dignificam não só quem os possui como àqueles a quem são irradiados, ao passo que os sentimentos inferiores diminuem, rebaixam e infelicitam não só aqueles que os possuem, como aqueles a quem são dedicados.
Saber cultivar no espírito somente sentimentos bons, elevados e dignos é dever de toda gente, porque só esses sentimentos levam ao caminho do bem, da virtude, enaltecendo e dignificando os espíritos.
Todos poderiam ser felizes neste mundo, se possuíssem sempre bons sentimentos, e isso é uma questão, apenas, de querer. É uma questão, não há dúvida nenhuma, de educação, de formação moral, de formação espiritual.
Se o mundo é cheio de imperfeições, se a cada passo a criatura depara com algo que a decepciona, se só encontra trabalhos e preocupações e se, apesar de tudo isso, não procura melhorar os seus sentimentos, não só pela experiência que a vida lhe vai dando, como pelo que observa e sente, então, essa criatura não quer evoluir, não quer progredir, iguala-se às demais.
A própria vida ensina ao ser humano como deve agir. À medida que vai tendo experiência, à medida que mais abre os olhos, vai descortinando à sua frente o caminho que deve abandonar e também aquele que deve seguir.
Ninguém tem o direito de menosprezar e diminuir quem quer que seja, mas todos têm o dever de estudar e procurar conhecer as criaturas, para saberem lidar com elas, de acordo com o seu temperamento, de acordo com a sua vontade, de acordo com as suas virtudes.
É preciso que se convençam de que neste mundo há milhares e milhares de espíritos para fazerem o seu progresso espiritual, e que a maioria desses espíritos está cheia de imperfeições, espera resgate, aperfeiçoamento que lhes garanta felicidade espiritual. Deparando-se com esses espíritos imperfeitos, a obrigação que possuem os de bons sentimentos é justamente procurarem auxiliar os imperfeitos a se aperfeiçoarem. Eis o que o Racionalismo Cristão faz, à medida que esclarece a criatura: faz reconhecer as grandes e as pequenas qualidades, procura levantar o ânimo, a fim de enveredarem pelo caminho da honra e do dever.
Tudo na Terra tem sua explicação racional, vem afirmando o Racionalismo Cristão, e essa explicação racional nós vamos procurando dar àqueles que querem estudar, àqueles que investigam, àqueles que vêm às nossas Casas para se esclarecerem.
Tudo se deve explicar racionalmente, porque a humanidade já está cansada de ser iludida, de ser enganada com o "milagre", com o "sobrenatural", com as fantasias e ilusões que só têm acarretado a sua infelicidade.
É preciso despertar a humanidade, falando-lhe a Verdade, educando os espíritos.
São é o ambiente em que convivem as criaturas possuidoras de sentimentos puros, as sinceras, nobres no pensar e no agir. São esses sentimentos que as tornam felizes, porque lhes dão paz de espírito, aquela tranqüilidade íntima, de que só goza quem pensa bem.
Procurem aperfeiçoar-se, vivendo em paz, dando ao espírito a força e o valor de que ele carece para vencer as dificuldades da vida e não para criar e aumentar essas dificuldades.
O estado espiritual do ser tem influência considerável sobre a sua produção. Um espírito atribulado, perturbado, não pode produzir, não pode desenvolver sua atividade com a mesma disposição que um espírito calmo, um espírito que vive num ambiente são.
Razão temos em aconselhar àqueles que nos ouvem a necessidade de criar em volta de si um ambiente de paz e harmonia. A vida na Terra é cheia de preocupações, de trabalho, mas, quando as criaturas, após um dia de luta, de trabalho, de preocupações e desgastes mentais, voltam ao seu lar e encontram nele um ambiente sadio, de paz, tranqüilidade e de harmonia, esse ambiente lhes refaz o ânimo, fortifica a vontade, para, no dia seguinte, entrarem novamente na luta.
A paz de espírito é a maior felicidade que o ser pode possuir na Terra. Havendo paz de espírito, há bem-estar, há tranqüilidade, há alegria. Sem essa paz de espírito, as criaturas não podem ser felizes, não podem ter tranqüilidade.
Façam o possível para criar ambiente de paz e harmonia, e isso é fácil, basta que queiram e se disponham a criar esse ambiente.
Tudo pode ser remediado e melhorado se têm força de vontade. O "eu" da criatura é como é, enquanto o ser não se esclarecer; mas, depois de esclarecido, tem por obrigação dominar esse "eu", dominar os ímpetos, educar a vontade. É da educação da vontade, é do domínio do "eu" que dependem a tranqüilidade e a paz de espírito, e assim a existência de bom ambiente.
Não há ninguém perfeito neste mundo. Quem se julgar perfeito, engana-se. Todos são imperfeitos, e por isso aqui estão para corrigirem as suas imperfeições, para combaterem seus erros e para fazerem o seu progresso espiritual. E sendo todos imperfeitos, por que razão não procurar aperfeiçoar-se, tolerando as imperfeições ou ignorância dos outros? A tolerância é necessária, porque, sem ela, não pode haver compreensão e harmonia, mas tolerar não é pactuar com aquilo que esteja errado.
Aprendam a viver, sejam sensatos, ponderados, moderados e justiceiros, caminhando como espíritos equilibrados neste mundo, e criarão em redor de si um ambiente são de paz e harmonia.
A maioria das enfermidades é proveniente da falta de esclarecimento, da falta de ambiente são e, portanto, proveniente da falta de equilíbrio mental.
Tenham equilíbrio, saibam pensar com elevação, saibam agir com prudência, e gozarão da paz de espírito e da saúde do corpo.
Procurem pensar bem, porque é pelo pensamento que a criatura atrai o bem e repele o mal.
Do Livro Clássicos do Racionalismo Cristão