4 de maio de 2010

A criatividade é um predicado do espírito de alta valia para o ser humano e para o progresso material da humanidade.

A criatividade é um atributo ou predicado do espírito da mais alta valia para a criatura e também para o progresso material da humanidade. Criatividade, conforme o próprio nome o diz, é o poder de criar. Pertence à mesma raiz, à mesma etimologia, a palavra Criador, para indicar, para sugerir e significar a Força Criadora, a Inteligência Universal ou Deus, para usar a palavra preferida por quase todas as religiões. No sentido prático, criatividade é o ato de fazer qualquer coisa de modo diferente do que era feito antes, desde que mais fácil, mais útil e preferivelmente, mais econômico. Criar é dar existência a alguma coisa que nos interessa, é tirar algo do nada ou do quase nada, dar origem a algo útil, enfim, é inventar, descobrir o novo. Criatividade tem, portanto, o mesmo sentido que inventividade. Milhares e milhares de livros e artigos têm sido escritos sobre criatividade, mas este tema tem apenas o intuito de enfocar seus fundamentos e importância para o progresso humano.

A criatividade tem seus fundamentos na intuição, na experiência, nas necessidades. A intuição, também chamada por inspiração por muitos inventores e pesquisadores, desempenha um papel fundamental nesta cadeia de eventos. A intuição é uma força de natureza espiritual que direciona a mente da criatura para a solução mais imediata dos desafios, minimizando as tentativas e os erros, economizando tempo e dinheiro para atingir o alvo ou o objetivo com mais acerto e precisão. É pela intuição que é canalizado o “fluxo” das idéias para a solução dos problemas. Para usá-la com eficácia é preciso ter a mente calma, concentração nos problemas a resolver e harmonia com as Forças Universais Superiores, procurando atingir uma sintonia precisa com as mesmas, ainda que inconscientemente ou de forma imperceptível à criatura. Parece complicado, mas não é. As idéias fluem em lampejos, rápidas e diretas. Só é preciso ter sensibilidade para captá-las e pô-las em prática, sem perda de tempo.

A parte prática da criatividade não prescinde da experiência. Esta é mãe de todos os erros e a predecessora de todos os acertos. Erra-se com a experiência, que por sua vez nos leva aos acertos. Observe o desenvolvimento de uma criança que, desde que nasceu, aprende com o método das tentativas e erros, única forma de achar o caminho para o seu aprendizado. Nessa determinação, inata na criatura de sempre experimentar, está a origem da persistência, que nada mais é do que sempre tentar, tentar sempre enfrentando riscos, perdendo o medo, esta grande barreira à evolução humana. É preciso se imbuir, se dar conta de que a experiência é um dos pilares da vida terrena. Vivenciando experiências, observando e experimentando com moderação as necessidades que a vida nos impõe, lutando para vencer os desejos malsãos, fazendo perguntas, procurando respostas racionais para os problemas estaremos criando condições de pautar a nossa vida no caminho do reto viver.

As necessidades, o terceiro ingrediente, provêm da observação. A criatividade também não prescinde da observação que, por sua vez, deriva da curiosidade. Observação e curiosidade andam de mãos dadas no processo criativo. A criatura criativa vale-se da intuição, observação e curiosidade, sempre à procura de idéias para trabalhá-las e testá-las pela experimentação. A criatura criativa está sempre procurando ir além das rotinas e superar obstáculos, explorando novos rumos, novas rotas. Ela sabe, ainda que intuitivamente, o que é uma estrutura de decisão, como examinar alternativas e como selecionar o que parece ser a escolha mais interessante para a solução de seu problema. E o sucesso vem, porque persiste e porque pensa só no que está fazendo, afastando toda a distração que atravessar o seu caminho no momento da criação. Veja também nesta obra os temas “A curiosidade” e “A concentração”, importantes para entender completamente como se processam os mecanismos que intervêm na criatividade.

Às vezes pensamos muito em determinado problema e não encontramos solução imediata para ele. Esta pode vir a qualquer momento após deixarmos a mente descansar, através de “insights” ou lampejos, em qualquer lugar que estejamos: no banheiro, no chuveiro, andando, guiando o carro, enfim, quando menos se espera. Isto porque a mente continua trabalhando as idéias, inconscientemente, recebendo intuições e fazendo associações entre as idéias e a experiência já adquiridas e registradas em nossa memória. Parecemos perdidos, absortos em nossos pensamentos, mas estes não param nunca, a não ser quando dormimos. De repente, lá vem a solução que procurávamos para o problema. E então, é comum exclamarmos: “Como é que não tinha pensado nisso antes!” Isto parece confirmar que toda criatura é criativa, bastando colocar o seu potencial espiritual em ação.

Do Livro Reflexões Sobre os Sentimentos