4 de maio de 2010

A autoconfiança é força que impulsiona a criatura a enfrentar desafios com uma força de vontade e talento imbatíveis.

A confiança é um sentimento positivo e própria das criaturas fortes e firmes em seu modo de pensar e agir. Ela deriva diretamente do conhecimento, da convicção e da energia que nunca faltam àqueles que agem com lógica, bom senso, probidade e integridade espiritual.

Devemos considerar sob este tema dois aspectos da confiança, a saber: a confiança em si mesmo ou autoconfiança e, de uma maneira mais ampla, a confiança que inspiramos ao nosso semelhante, vista em nós sob o ponto de vista deste.

1. A autoconfiança

A autoconfiança é uma força muito grande que impulsiona a criatura a enfrentar desafios com uma força de vontade e talento imbatíveis. Os valores espirituais, no seu conjunto, constituem o caráter do ser, uma espécie de marca registrada, de impressão digital espiritual que torna a criatura única no seu modo de agir, no seu comportamento e temperamento. Trata-se enfim, de características interiorizadas e exteriorizáveis que exprimem a real conduta de cada um de nós.

A confiança que depositamos em nós mesmos é função de uma série de fatores, dentre os quais destacamos a fortaleza de espírito, a força de vontade elevada, o alto idealismo, a autodisciplina, as experiências anteriores bem sucedidas, a obstinação, a segurança, a convicção, o entusiasmo e o dom de liderar e comandar outras pessoas.

A força de vontade, o idealismo e o entusiasmo são tratados em outras partes desta obra. Vamos desdobrar, de maneira sucinta, os demais fatores intervenientes.

A fortaleza de espírito decorre de nossa natural disposição para enfrentar desafios, vencer obstáculos, encontrar soluções sempre as mais perfeitas possíveis para nossos problemas. A fortaleza de espírito é a convicção, a certeza que o indivíduo tem em si mesmo de que não falhará em suas tarefas e o que lhe permite sempre buscar assumir maiores responsabilidades perante si mesmo, no lar e na sociedade. É ela que induz uma causação circular progressiva que acaba por realimentar a confiança e a nossa capacidade de prontidão, tema já tratado em outra parte desta obra. Pela prontidão, nós damos resposta imediata às nossas decisões para a solução dos problemas, não deixando para amanhã o que pode ser feito hoje. O cumprimento fiel e reiterado deste lema é essencial, é fundamental para garantir os efeitos imediatos e positivos da ação das criaturas em qualquer atividade humana.

As experiências anteriores bem sucedidas reconduzem o nosso esforço no sentido de pensar e fazer melhor aquilo que já fizemos antes. Isto alarga e concentra o nosso discernimento, a nossa acuidade mental para fazer sempre escolhas acertadas, ajuda a marcar a diretriz de nossas decisões sem sombra de dúvida, sem medo de errar. Ou seja, com as experiências anteriores formamos um cabedal que nos ajuda a reduzir a probabilidade de erros e falhas.

Pelo idealismo nós nos amparamos em idéias bem concebidas e maduras, planejadas com lógica e bom senso, procurando afastar todos os fatores adversos. Com ele, nós formatamos o perfil ideal que garantirá o sucesso de nossos projetos, tendo uma visão bem clara deles antes de executá-los, submetendo-os a uma depuração prévia para diminuir os riscos da empreitada. Com isso, fechamos a corrente que nos conduzirá com entusiasmo ao sucesso. Veja também, nesta obra o tema “O entusiasmo”.

A autodisciplina se orienta no sentido de exigir o controle firme e seguro da vontade para que essa possa atuar de acordo com certos princípios rígidos de respeito que assumimos conosco mesmo. Principalmente os princípios que implicam em sinceridade, moralidade e justiça. São valores a preservar a qualquer custo, a realçar acima de quaisquer outros como os de caráter financeiro, por exemplo. Pela auto-disciplina reforçamos a verdadeira crença em nosso próprio poder, pois quem crê em si não se impressiona com a falta de recursos, com a influência de certos meios, com a crítica fácil e graciosa de certas pessoas que não enxergam um palmo adiante do nariz. Com empenho e esforço nada deterá a criatura, e sua autodisciplina se tornará cada vez mais forte e determinada. Devemos ser rígidos nos princípios, determinados nas decisões e flexíveis no uso dos recursos durante a execução.

A obstinação é a insistência, a persistência com que executamos nossos projetos. Este sentimento é tão forte que contamina a todos de forma a acabarem por adotar os nossos pontos de vista. Ela transmite uma certeza tão grande, portentosa mesmo, que recebemos a adesão até mesmo da mais renitente das criaturas, quebrando a oposição, granjeando admiração. Este dom nos leva a comandar em qualquer situação, com satisfação de nossos comandados, nele se destacando a nossa capacidade de liderar. A liderança é um comando aceito sem resistência, não imposto, de adesão espontânea aos nossos propósitos.

A segurança é uma conseqüência, o resultado certo de tudo aquilo que fazemos seguindo os princípios e fatores já mencionados. Ela é a eliminação quase completa do risco, já que a confiança nos leva a trabalhar “com risco calculado”, com a prudência previsível. É preciso dizer que a falibilidade humana é própria deste mundo e da imperfeição humana, principalmente quando se procura realizar o melhor, o superior, o mais perfeito. Mas se riscarmos do nosso dicionário, na faina diária, a palavra fracasso e o conteúdo que ela encerra de negativo, venceremos sempre, apresentando resultados ou produtos da mais alta confiabilidade.

Do Livro Reflexões Sobre Os Sentimentos