23 de abril de 2010

O idealismo criador nas ciências e nas artes é fundamental para o progresso humano.

O idealista é aquele que, acreditando no valor das idéias, estabelecidas com base em uma lógica irreparável, propugna por elas com uma força incomum, fugindo das idéias preestabelecidas e das rotinas da vida. É preciso não confundir o idealista com um sonhador inconseqüente.

Na vida existem mentalidades ativas e passivas, idealistas e passadistas, revolucionários e conservadores, bem como mentalidades amorfas e medíocres.

De um lado, temos os conservadores, cujas raízes têm origem no medo a qualquer modificação tanto no modo de vida como no modo de pensar; eles são contrários às inovações e estão satisfeitos dentro dos limites de sua experiência e do seu conhecimento. Detestam ter que se adaptar ou ajustar-se às novas situações. Não possuem ambições, nem mesmo as mais simples, e detestam tudo que é novidade. A Filosofia os classifica como misoneístas.

Existem também, os passadistas, ou seja, aqueles que se apegam às velharias do passado, herdadas de tradições, amigos de velhos costumes, amantes de coisas antigas, bem como os preciosistas, que cultivam a mania de usar velhos chavões de estilo.

Uns e outros constituem a grande maioria dos rotineiros: são socialmente apáticos, de regra, não se manifestam, são aferrados a velhos pontos de vista, não acompanham o progresso intelectual, filosófico e científico, estão sempre satisfeitos com o “status quo”. Embora alguns despertem a sua curiosidade, não possuem desejo forte de progredir, preferindo ficar na inércia mental. Preferem a lei do menor esforço, até para discordarem de novas idéias. Por isso, não oferecem grandes resistências e embaraços às inovações. Já os reacionários, lutam aferradamente contra os idealistas que procuram abrir novas rotas e dar novo rumo à ciência e ao saber humano, em geral. Sob certo ponto de vista, os reacionários podem desempenhar papel preponderante, no sentido de conter certas mudanças abruptas de alguns idealistas desenfreados, que embora agindo de boa fé, não chegam a perceber que certas reformas ou inovações bruscas podem acarretar grandes transtornos sociais e econômicos.

Os idealistas e rotineiros empenham-se em permanente e renhida luta; a teimosia destes últimos, sempre em muito maior número que aqueles, cria grandes entraves e causa grandes atrasos ao progresso das sociedades. Mas, a despeito disso, os empecilhos são vencidos e o progresso abre o seu caminho inexoravelmente.

O idealismo criador nas ciências e nas artes é fundamental para o progresso humano. A criação de novas invenções, o avanço da tecnologia e da medicina não dispensam o gênio criador dos idealistas. O idealista, para provar suas idéias e suas teorias, luta com denodo, sem cessar, incansavelmente. É a luta da inteligência contra a ignorância e a inércia dos rotineiros ou a oposição dos reacionários.

A História da Humanidade está cheia de exemplos edificantes de idealistas notáveis, em todas as áreas do conhecimento humano, bastando, para isso, consultar as biografias dos grandes reformadores da ciência, das artes e da sociedade de uma maneira mais ampla.

A despeito das barreiras opostas pelos rotineiros e reacionários de toda espécie, inclusive a barreira criada pelos dogmas e fanatismos impostos pelas religiões, novas concepções da vida e do Universo continuarão surgindo e sua marcha em direção ao progresso e à evolução espiritual jamais será detida, pois a observação e a experiência revelarão ao mundo, em futuro breve, verdades incontestáveis. Está claro que os idealistas, agindo sempre de boa fé e recebendo intuições voltadas para o progresso material e a evolução espiritual, têm um importante papel a desempenhar nesse contexto.

Do Livro Reflexões Sobre Os Sentimentos