11 de abril de 2010

O conservadorismo é uma doutrina estacionária. Tudo no Universo evolui, sendo necessário acompanhar a lei da evolução.

O conservadorismo é uma doutrina estacionária. Tudo no Universo evolui, sendo necessário acompanhar a lei da evolução. Hábitos e costumes se reformam, com o tempo, à medida que idéias novas surgem, introduzindo melhoramentos.

A civilização é o produto da evolução da mente humana do estado primitivo à um nível social mais elevado, através de inventos, descobertas, pesquisas e desdobramentos científicos. Em todos os ramos da atividades, processa-se, ininterruptamente, um movimento crescente de conhecimentos, uma ação evolucionista, traduzindo a expansão incoercível de uma força que conduz o pensamento perquiridor a cada vez mais novos e dilatados horizontes.

O símbolo da evolução é uma espiral que nasce de um ponto, (ponto de deslocamento da partícula involuída da Fonte Original) e desenvolve-se em curvas que se abrem, à medida que se elevam, ganhando em altitude e latitude, até atingir a cota final. Em face desse sistema instituído pela Grandeza Total, é que na vida, como lei, todos obedecem ao princípio inviolável da renovação constante, pois se a evolução está sempre em marcha, logicamente a posição de hoje há de ser a que se seguiu à ocupada ontem. Entenda-se que esses “hoje” e “ontem”, não se referem ao limitado lapso de vinte e quatro horas. As reencarnações estão rigorosamente subordinadas a esse esquema. Em cada uma delas obtém a criatura a oportunidade de renovação do seu estado procedente, sempre com o único objetivo de promover-se a evolução, que é obrigatória.

Não se pode deter a evolução. Conquanto muitos a retardem, outros muitos a impulsionam para a frente; além disso, evolui a estrutura substancial do Universo, sob o poder da Força Criadora. Melhorar, embora devagar, mas sempre, deve ser um lema comum a todos. Melhorar material, mental e espiritualmente, é o que se impõe. Muitos se agradam, apenas, com a melhoria material; outros percebem que devem pugnar também pela melhoria intelectual, mas poucos são aqueles que vislumbram a importância da melhoria espiritual.

Há os que imaginam que ser espiritualista é renunciar, de todo, à vida material. Um espiritualista é um evolucionista, um indivíduo vitorioso em numerosas renovações, a principiar pelas de ordem material. O espiritualista usa os recursos materiais como subsídio às condições terrenas, e não como fator principal.

O espiritualista estaria em melhores condições do que os demais para, com honestidade, desenvolver a fortuna material, se não fosse o desprendimento que manifesta pelas coisas transitórias e efêmeras, desapego a que todos hão de chegar, de renovação em renovação. Se não houvesse a renovação de gostos, de sentimentos e de ideais, a vida física prolongar-se-ia, indefinidamente, em encarnações sucessivas. Os instintos e os convites da carne nunca abandonariam a criatura.

A renovação é um bem que traz satisfação e alegrias; o uso de um vestuário novo, bem talhado, de cores condizentes, dá prazer. Esse é um insignificante exemplo de renovação que se opera com inúmeras modalidades, ora modificando a fisionomia do cenário, ora transformando a capacidade de entendimento, ou ainda, pelo revigoramento espiritual, estendendo o horizonte perceptível a longínquas regiões.

O ser humano tem sede de conquista. Deseja aquilo que não tem. Sempre há o que desejar. Os pobres pensam que os ricos têm tudo. É um engano. Apenas as aspirações são diferentes; por hipótese, o pobre quer riqueza, o rico quer paz. Todos, na realidade procuram o estado de renovação seguinte e, embora pensem que isso é para satisfazer um simples desejo, é, no entanto, para proporcionar oportunidades para a sua evolução.

Cada vez que se obtém um avanço na escala evolutiva, descobre-se que há novas perspectivas à frente, que despertam a decisão de se ir ao encontro delas. São atrativos que só ficarão para trás depois de satisfeitos e substituídos por outros, em ação renovadora. Os que andam, por aí, perdidos nas florestas das desilusões, podem não estar renovando nada, mas estarão experimentando uma seqüência de atribulações que lhes permitirá, mais tarde, penetrar no curso das renovações.

O maior perigo que ameaça as religiões é o seu conservadorismo, é a sua recusa à remodelação, tendo-se em vista os progressos da inteligência que tantas revelações têm trazido. Não é possível que se fale hoje a mesma linguagem adotada há dois, três ou cinco mil anos atrás. Podem aproveitar-se as lições mestras, mas sem querer reafirmar aquilo que os conhecimentos atuais repelem. Elas, as religiões, têm de submeter-se à renovação, se não quiserem desaparecer. Quem diz renovação, diz aperfeiçoamento, atualização, progresso, desenvolvimento, apuração, fatores intrínsecos da lei da evolução. Assim, torna-se necessário renovar os conhecimentos para andar-se em dia com o presente, conforme em dia andam as operações siderais.

O que se não renova é a Verdade; ela é o que é; mas, para ser atingida, na sua Totalidade – é preciso evoluir aos poucos, na marcha das renovações, pois cada vez que se alcança um ponto à frente, novos contatos com a Verdade vão se tomando, até que se abranja tudo quanto dela se possa saber. A tarefa é espinhosa e a estrada muito longa, mas não há outro meio senão o de seguir por ela. Haverá, por certo, trechos de passagem difícil, mas, em compensação, outros serão maravilhosos e, quanto mais para a frente, maiores os encantamentos. Deste modo, todos devem regozijar-se com as renovações, por oferecerem elas novos campos de experiência, indispensáveis ao curso da vida. Não se deve estacionar, nem há razões que justifiquem a paralisação dos sentidos. O espírito é fonte de trabalho, e a sua tendência é escapar de uma posição inferior para atingir outra acima. Isso ele fará pelo processo das renovações, automaticamente, acionado pela força interior que deseja expandir-se, pelas leis naturais instituídas pela Força Criadora, às quais todos estão sujeitos.

Contrariar esse pensamento é o erro em que a humanidade cai, por falta de espiritualidade. Sensato seria não oferecer resistência, como inconscientemente se faz, ao esforço normal do espírito para romper com o manto da incredulidade que o amortalha à matéria. As renovações seriam muito mais freqüentes, não fora a perda de tempo ocorrida pela indolência mental, com o desavisado gorjeio das canções sensualistas, com que tantos se deleitam. As renovações morais são auxiliadas com a dor. O indivíduo duramente perseguido pelo sofrimento, com mais facilidade desponta para a realidade da vida e assume, então, uma atitude que bem se enquadre na rotina do viver sadio.

É a renovação que se opera, que se estabelece, para afirmar o seu valor, a sua razão de ser e as vantagens da sua presença. A renovação é uma alvorada na vida; é uma redenção que brilha na trajetória terrena, é uma promessa que acena com melhores dias. Transformar a conduta para melhor é uma renovação em que se sepulta um passado mais ou menos tormentoso. Com a renovação, erros praticados deixam de ser repetidos. Outros que o forem, ficam à espera da renovação seguinte. Assim, de grau em grau, é possível alcançar, com base nas renovações, o ponto mais alto, na escala reencarnatória.

Do Livro a Morte Não Interrompe a Vida