23 de abril de 2010

A consciência é a nossa bússola norteadora, o nosso instrumento de navegação, que nos conduz de acordo com os princípios morais

A consciência é a faculdade que integra três faculdades essenciais do espírito: pensamento, força de vontade e livre-arbítrio. É ela que estabelece os princípios, normas e procedimentos de conduta a seguir, para que a criatura possa discernir o certo do errado, o bem do mal e fazer a sua evolução espiritual da forma correta, mais direta, com menos erros e falhas, em direção à Inteligência Universal, de que é partícula, e para onde voltará após atingir a perfeição.

A consciência é a nossa bússola norteadora, o nosso instrumento de navegação, que nos conduz de acordo com os princípios morais e as leis universais. É ela que ilumina nossos caminhos, que nos põe em consonância com os princípios do bem, afastando todo o mal. É através dela que alcançaremos a Perfeição Absoluta na longa estrada da evolução. Ela, a Consciência, aqui grafada com letra maiúscula, é o atributo absoluto, que no Universo, confraterniza todos os espíritos num só pensamento de Amor e Paz.

A consciência é o nosso juízo, a nossa razão e é a ela que nos devemos submeter em todos os atos de nossa vida. Ela é a Lei Magna de nossa evolução. Não confundir a consciência com memória. Esta é o nosso repositório de conhecimentos, experiência e saber de tudo que fizemos, fazemos ou viermos fazer. O resultado de nossos esforços, pensamentos e ações são gravados nela de forma indelével, impossível de serem apagados. Podemos compará-la a um moderno disco ótico de CD-ROM usado em multimídia nos computadores, no qual são colocadas em código de computação milhões e milhões de informações como textos que se pode ler, imagens que se pode ver, sons que se podem ouvir, isolada ou combinadamente. Para isto, basta achar o local onde se acham armazenadas as informações, em arquivos, e reproduzir no computador o que desejamos. Cada CD-ROM é único, tem sua identidade. Assim é a nossa memória. Já a consciência baliza, modela e julga os nossos atos.

A inter-relação ou integração do espírito com o corpo forma o “eu pessoal”, “eu consciente” ou simplesmente o “eu” ou personalidade, na terminologia dos psicólogos modernos. O “eu consciente” tem a consciência como atributo essencial, que dita a conduta ou modela a personalidade da criatura. Ele exterioriza idéias como “eu penso, eu sinto, eu quero”. Já “o que eu penso, o que eu sinto, o que eu quero”, isto é, o objeto das idéias tem que passar pelo crivo da vontade e do livre-arbítrio; todos, por sua vez, devem ser submetidos ao crivo, ao rigor vigilante da consciência que norteia, que baliza a conduta. Segundo os psicólogos, a consciência exerce o papel de censor, de “superego”.

A integração dos três atributos essenciais do espírito, pensamento, vontade e livre-arbítrio pela consciência cria uma unidade harmônica induzida pela vibração da energia espiritual que atua diretamente no seu instrumento material — o cérebro humano —, produzindo os efeitos que conhecemos como sendo a vida humana. O cérebro, por sua vez, conduz as ações e exprime os sentimentos que queremos transmitir em nossa vida de relação com os nossos semelhantes.

Para ficar bem claro o que acima dissemos, é preciso entender que tudo o que pensamos nos vem de fora; captamos nossas idéias por intuição — elas não são elaboradas fisiologicamente pelo nosso cérebro. Grifamos propositadamente o possessivo nosso. Nós utilizamos o cérebro, nessas circunstâncias, como instrumento de captação. Mas, nós quem, nosso “eu”? Agora, temos três palavras grifadas e ainda não definimos quem somos nós, não é verdade? Nós somos constituídos de Força e Matéria. A Força é a energia espiritual, partícula da Inteligência Universal, o “sopro da vida” e a Matéria é o instrumento do espírito, o nosso corpo, organizado pelo espírito para a sua evolução na Terra com os elementos químicos próprios da Terra.

Não há nenhuma dualidade no que dissemos; o que existe é uma integração entre Força e Matéria. A consciência promove esta união entre as duas realidades. As idéias nos vêm de fora e o pensamento que é vibração do espírito as elabora para organizá-las e pô-las em ação através da vontade, que é o dínamo do espírito. Se o pensamento fosse uma elaboração fisiológica do cérebro, não conteria uma variação quase infinita de idéias e imagens, já que o produto fisiológico de um órgão tem uma composição aproximadamente constante, como é, por exemplo o caso da insulina produzida pelo pâncreas ou a bílis, produzida pelo fígado. Sua composição química é praticamente constante, conforme detectado por análises clínicas. No processo de integração referido, o livre-arbítrio intervém para que a plena liberdade de ação seja observada, nada sendo feito por imposição, mas por deliberação própria. Veja nesta obra os temas “O Pensamento”, “A Vontade” e “O Livre-arbÍtrio”.

Para cumprir os desígnios da consciência, basta colocar o nosso livre-arbítrio atuando em perfeita harmonia com os princípios da moral, bom senso e justiça. Moral e justiça são conceitos natos na criatura desde a mais tenra idade. A influência do meio e a orientação que vier receber dos pais poderá realçar ou deturpar estes conceitos. Daí, a importância dessa ação orientadora, a qual deve ser desempenhada com muita compreensão, ternura e amor.

A obediência que devemos à nossa consciência será sempre cobrada por esta, em qualquer circunstância e em qualquer tempo ou ocasião. Não se trata de uma obediência cega, para fazer ou deixar de fazer o que a vontade ditar (isto é função do livre-arbítrio), mas de uma exigência ao cumprimento do dever, segundo os princípios da moral e da justiça, o que vale dizer, em consonância com o Bem. O não cumprimento ou afastamento das diretrizes planejadas pelo espírito antes de encarnar, em seu mundo de origem, traz conseqüências nefastas, retardando a evolução espiritual da criatura.

A criatura que se afastar das diretrizes traçadas, praticando o mal consciente ou inconscientemente, será acometida de arrependimento ou, quando causar mal maior ou injustiças danosas para os seus semelhantes, pelo remorso. Estes sentimentos não deixarão a sua consciência em paz, e não serão apagados, senão pelos sofrimentos pelos quais terá a criatura de passar, segundo a lei de causa e efeito, inapelavelmente. Se não puder resgatar estas falhas durante sua presente encarnação, terá que fazê-lo em outras, inexoravelmente.

É muito útil e recomendável fazer diariamente, antes de dormir, em exame de consciência dos atos praticados durante o dia. Assim procedendo a criatura poderá detectar deslizes perniciosos e ir fazendo a correção de rumo, sem deixar acumular pesadas falhas, cujo resgate, mais tarde, será sempre mais doloroso. Seja, portanto, seu próprio juiz pela ação do pensamento e da vontade corretora de suas falhas. Somos todos imperfeitos, e esta luta entre as boas e más ações ressoa em nossa consciência. Teremos que travá-la com nossas forças interiores, com discernimento e lucidez de raciocínio para separar o joio do trigo.

Para ascender a outros planos espirituais mais elevados, em nossa longa caminhada para a perfeição, temos que passar por todas as provações, limpar todas as máculas, afastar todos os erros e males, depurar nosso espírito, adquirir todos os méritos necessários e desapegar-nos dos bens materiais, isto é, tornarmo-nos livres do sentimento de posse das coisas terrenas.

É óbvio que acabamos de descrever condições ideais. Mas, a realidade da vida terrena nos oferece toda sorte de situações que se afastam delas. Encontramos, nas relações com nossos semelhantes, uma diversidade muito grande de graus de evolução, de sensibilidade e espiritualidade diferentes da nossa, de necessidades materiais e espirituais diversas, de afetividades conflitantes sob a forma dos mais variados sentimentos, emoções e paixões, umas nobres e dignas, outras desprezíveis e vergonhosas.

Nesse torvelinho de sentimentos e vibrações de toda espécie e gênero, invocamos a razão, a lógica e o raciocínio para impor a ordem e a disciplina e finalmente triunfar. Cada um terá que fazer isso por si mesmo, usando seus recursos espirituais já mencionados, sem contar com a ajuda de quem quer que seja. Nesse longo processo, que consumirá muitas vidas, muitas encarnações, a consciência tem um papel relevante, que é o de aferir, sopesar, comparar os ganhos e as perdas, fazer o balanço de nossas ações passadas e traçar a rota de nossas ações futuras. Ao julgar nossas ações, age a consciência como juiz de si própria, um censor; ao traçar novas ações, age como um planejador, balizando a nossa evolução, impondo-nos desígnios e metas para melhor cumprimento de nosso dever. O esforço de uns poderá encurtar sua caminhada; a inércia de outros, poderá estendê-la. Não há outras alternativas.