16 de abril de 2010

Quando o indivíduo prepara a sua reencarnação, o faz em decorrência de um estudo sobre o seu passado; naturalmente é ajudado por espíritos mais evoluídos, que aconselham, orientam e indicam o melhor caminho a seguir, levando em conta os erros cometidos, para impedir a reprodução das falhas registradas.

No entanto, conta o ser com livre arbítrio, faculdade inata que tanto pode servir se bem aplicada, para que se cumpra na Terra a rota preestabelecida, como pode prestar‑se se mal aplicada, para desviá‑lo dessa rota e entregar‑se o ser ao gozo efêmero das atrações terrenas.

Os indivíduos que andam por aí a alimentar vícios, entregues à ociosidade, malbaratando, em orgias, tempo e dinheiro, de modo algum estão cumprindo o compromisso assumido quando no Plano Astral, e é evidente o mau uso que fazem do livre arbítrio.

Tendo a criatura plena liberdade de usar o seu livre arbítrio para o bem ou o mal, coerentemente, ninguém poderá dizer que o que lhe acontece de mau na vida seja obra do destino.

O Planejamento da trajetória terrena, adredemente preparado no Plano Astral, não tem nem pode ter formas rígidas, por isso que está sujeito ao livre arbítrio, faculdade de efeitos variáveis, como atestam suas manifestações, pois que depende ela da força de vontade, da apuração do caráter, da fortaleza espiritual de cada um e do meio ambiente.

Espíritos que não possuem força de vontade, caráter e fortaleza espiritual, fazem constantemente mau uso do livre arbítrio, deixando, assim, de cumprir a sua verdadeira missão na Terra. São estes, geralmente, os que dizem não poderem contrapor‑se à força do destino.

Mas o destino, como sina inexorável, não prevalece. Não há lógica que o possa sustentar diante das leis do livre arbítrio e de causa e efeito, pois se não se der causa ao efeito este será nenhum, e é o livre arbítrio que dá ou deixa de dar causa ao efeito. Logo, o agente é a criatura, e nunca o destino.

O ser que disser que é vítima do destino, o está admitindo como causa, e incorrendo em falhas.

Todos são vítimas de si mesmos, da própria inconsciência ou da maldade consciente; a lei de causa e efeito tem aí a sua ação preponderante, a qual é, por sua vez, controlada pelo livre arbítrio.

A palavra destino é também empregada, na linguagem comum, para designar o lugar para onde se vai ou fim a que certo objeto serve, como: ‑ "qual é o seu destino?", "qual o destino desse objeto?" Neste sentido, a palavra destino encontra o seu lugar acertado, porque não intervém, como sentido adulterado, nas leis do livre arbítrio e de causa e efeito.

Há seitas religiosas que crêem na predestinação. Acham que tudo quanto acontece ao ser humano é por efeito da predestinação. Para essas seitas, Deus traçou a vida de cada um como bem entendeu, e assim ninguém pode livrar‑se do que lhe venha a suceder. Esses que assim pensam e crêem, desconhecem a lei das reencarnações e a das conseqüências. Por tal desconhecimento aceitam a predestinação como fatalidade do destino.

Os religiosos dessas seitas julgam‑se, sem modéstia, os predestinados do Senhor para, depois da morte, viverem com ele no reino dos céus!

Os demais teriam sido predestinados a ir para o inferno! A predestinação, em contraposição à lei de causa e efeito, aberra de todas as normas espiritualistas.

É com erros de concepção como esses que, em geral, as seitas se acomodam em seus regimentos e fazem com que muitos andem descrentes até da própria vida. Certo número de adeptos aceita, maquinalmente, tais preceitos, mas os que estão de fora, com liberdade de analisar, repelem‑nos, por falta de amparo na lógica e na razão.

Grande serviço está prestando à humanidade o Racionalismo Cristão, esclarecendo‑a, levando‑lhe o conhecimento da Verdade, apontando‑lhes os erros que são esposados por uma coletividade jungida ao misticismo e que não está em condições de predicar sobre a Vida Superior, por faltar‑lhe o conhecimento real para tanto.

Como desconhecem os religiosos a verdade da vida depois da desencarnação, estão, dentro de cada seita, auto‑sugestionados de que são os únicos que se acham em posição privilegiada perante Deus, e por isso não admitem, no seu pensar completamente ilusório, que qualquer outro de fora da sua seita, esteja habilitado a demonstrar maiores conhecimentos espirituais.

Essa posição lamentavelmente falsa em que se encontram, produz um estado de consciência impermeável a novas idéias e a novos ensinos, os quais são prejulgados, antes de qualquer análise sadia, como inspirados pelo gênio do mal.

Assim, os que crêem no destino, como sina implacável, e na predestinação, como uma providência divina, fecham‑se dentro desse círculo e não espraiam as suas vistas a outras direções.

O Racionalismo Cristão prefere as situações claras, afasta as confusões, procura apreciar as coisas com realismo, esforça‑se por manter a Verdade acima das conjecturas, uma vez que ela possa ser expressa e definida.

Com este objetivo apresenta estas considerações sobre a falsa concepção do destino, servindo‑se do ensejo para mostrar que o livre arbítrio pode alterar qualquer rumo, presente ou futuro, conforme for empregado; que os acontecimentos do presente são a conseqüência da aplicação do livre arbítrio no passado, assim como a trajetória da vida no futuro terá as variações correspondentes ao uso atual dessa liberdade de ação.

Este esclarecimento deverá dar aos bem intencionados uma visão mais ampla do processamento da Vida, circunstância indispensável ao êxito dos empreendimentos e ao equilíbrio das relações sociais.

Em tratados de filosofia, sina e destino são palavras substituídas por determinismo. Realmente, há um certo determinismo na vida. Desde que todos, ao virem este mundo, trazem uma rota a ser percorrida, ficam sujeitos a um plano geral de ação, dentro do qual se nota uma parcela de determinismo que se alia à sua vocação.

Assim, exemplificando, o que nasceu para ser comerciante segue uma linha determinada, diferente daquela que norteia o advogado. Essa linha poderá, em certos casos, determinar as rotas de cada um, baseadas, principalmente, na vocação.

Fatos que se sucedem na vida, coordenadamente, são lances que se apresentam, de maneira flexível, em plena concordância com a lei de causa e efeito.

Os sofrimentos se processam de modo equivalente, variável, consentâneo e sempre em torno de uma orientação determinada. Se o indivíduo deixa de ser industrial para ser banqueiro, a sua vida tomará novos rumos em conseqüência da sua nova orientação, sem que as leis de causa e efeito, aplicadas ao seu caso, deixem de exprimir‑se com normalidade.

O determinismo, encarado espiritualmente, não é fatalismo. A falta de conhecimento de alguns filósofos sobre as leis de reencarnação e a maneira de preparar‑se o retorno do espírito à Terra, em novo corpo físico, levou‑os a pensar que era Deus quem enviava os seres à via terrena com esta ou aquela vocação, com este ou aquele destino, fato que os induziu a acreditar que o determinismo fosse rota determinada ou imposta por Deus, inexoravelmente. Só a ausência de ilustração espiritualista os poderia conduzir a tal conclusão.

A idéia errônea de pensar que na vida impera o destino, a sina, o fatalismo, leva os seres a não se esforçarem por mudar o curso dos acontecimentos, julgando ser inútil o esforço desenvolvido nesse sentido. Se não houver repressão à consumação de atos condenáveis, confundindo 'predisposição com fatalismo ou destino, os débitos morais do indivíduo se avolumam, consideravelmente.

Qualquer situação ilusória, falsa, inverídica, é perniciosa e deve ser eliminada, sem tardança. Caso contrário, a vida de sofrimentos se prolonga, com a multiplicação de reencarnações reparadoras. Cumpre, pois, abrir os olhos, encarar serenamente a realidade dos fatos, alimentar o desejo são de harmonizar‑se com a Verdade, por muito que contrarie os arraigados preceitos sem fundamento nela.

Do Livro Ao Encontro de Uma Nova Era.