8 de fevereiro de 2011

A criatura de coragem é valorosa, inspira confiança e estimula os desanimados


A coragem é a disposição de ânimo que leva o indivíduo a enfrentar o perigo, a zelar pela sua honra e dignidade, arrostando qualquer sacrifício, a manter-se ereto diante de interesses contrariados, a lutar pelo direito em ambiente hostil, a bater-se por um ideal contra forças mais poderosas, a encarar, com serenidade, o insucesso, a defender os mais fracos e os injustiçados, a não usar de sua força contra os humildes, e não se aproveitar de situações de desventura.

A criatura de coragem é valorosa, inspira confiança, estimula os desanimados, atrai saúde e vitalidade, dá curso a iniciativas produtivas, é realizadora e otimista, sabe enfrentar o trabalho que lhe é destinado e cumprir o seu dever, serve de guia ou de orientadora, não esmorece diante de contratempos, respeita, como quer ser respeitada, não se ocupa de futilidades e é, no, fim, um centro de convergência de forças espirituais.

A coragem é um produto de educação cultivada por séculos, que, de existência em existência, vai se tornando cada vez mais apurada. Depois de cultivada, é serena e ponderada e revela-se com as suas características próprias nos grandes momentos, nas ocasiões dramáticas, nos instantes decisivos.

A exposição ao risco, de maneira cega ou irrefletida, é temeridade, insensatez e não coragem. A temeridade pode ser usada por um suicida, no auge da sua loucura, em caráter irremediável, num gesto impensado, sem que a coragem tivesse participação nessas situações. Ao contrário, ao suicida quase sempre falta a coragem para viver e enfrentar os lances dramáticos da vida.
Há realmente certos dramas da vida que pesam mais do que a morte, mas havendo coragem, nada se perde, nenhum desatino se comete, porque o homem de coragem não se entrega, frustrado, uma vez que no seu interior brilha uma chama, que nunca se apaga, por mais tormentosos que sejam os temporais da vida.

Todos têm de fazer a aquisição da coragem na Terra. As guerras servem também para adquiri-la. Tudo, na vida, tem a sua razão de ser. As guerras refletem a lei de causa e efeito, sendo, por isso, até certo ponto, inevitáveis, enquanto a espiritualização não exercer predomínio sobre as massas humanas. Sabido como é que todo os sucessos ou insucessos resultam em evolução, há
sempre partido a tirar de todas as convulsões.

Assim, a coragem nasce da necessidade de enfrentar os acontecimentos, e do entendimento que traz a convicção de que se pode viver muito melhor com coragem, do que sem ela. É preciso não ter medo de dizer e ouvir a Verdade, e possuir discrição para guardar um sigilo. É esta uma coragem real, principalmente quando se revestir de humanismo e traduzir um gesto de renúncia, um ato nobre de abnegação, de desprendimento e de elevação moral. A coragem é apanágio dos fortes, dos bons, dos justos, dos que amam a vida eterna.

Há indivíduos afoitos, impetuosos, violentos, temperamentais, agressivos, provocadores, atrevidos, que apenas demonstram profunda falta de educação e de senso, com a vaidade de querer passar por valentões, pensando que atrás dessa fanfarronada, todos podem vislumbrar a coragem que aspiram possuir. Mas esse não é o caminho, uma vez que só pela senda da espiritualização poderão chegar, como querem, ao objetivo almejado.

Do Livro A Morte Não Interrompe a Vida