23 de julho de 2011

Uma Introspecção Sobre o Altruísmo

O altruísmo é um sentimento positivo e nobre em que a criatura direciona as suas energias ou, pelo menos, dedica parte delas em benefício de seus semelhantes, sem nada pedir em troca ou em retribuição. O altruísta pensa no próximo como se fosse ele mesmo e procura ajudá-lo a resolver os seus problemas. O altruísta é um ser prestativo, solidário por excelência. Está sempre disposto a ajudar seus semelhantes, em momentos difíceis para estes, cooperando direta ou indiretamente para o seu bem-estar. Os altruístas são capazes de enfrentar problemas que muitos julgam insolúveis, tomando a iniciativa em muitos movimentos, campanhas ou cruzadas de solidariedade humana.

Existem pessoas altruístas em todas as camadas sociais, em todos os países do mundo. O verdadeiro altruísta não tem preconceito de raça, de religião ou de partido político. Sua estrutura psíquica está preparada para aceitar as desigualdades sociais, mas principalmente para lutar e vencer todos os obstáculos que acentuam essas desigualdades. Independentemente de sua posição social, o altruísta é generoso, nobre, leal e valente e gosta de dar, de distribuir, com os mais necessitados, parte do que ganha com seu trabalho. Quando o que ganha é pouco para o seu próprio sustento e o de sua família, então, dedica parte de seu tempo e trabalho, o melhor de seus esforços e até de seu lazer para ajudar o próximo em suas dificuldades. Nesses casos, são pessoas simples e humildes, prestativas por excelência, que praticam essas boas ações nos momentos mais difíceis por que passam seus parentes ou seus vizinhos e amigos mais próximos. São chamadas de pessoas de bom coração, verdadeiros missionários anônimos da dor, sempre procurando mitigá-la.

As criaturas de bom coração estão sempre dispostas a se empenharem em campanhas de ajuda humanitária e normalmente fazem parte da chamada defesa civil, núcleos de pessoas bem intencionadas, organizados para atender e socorrer necessitados em dificuldades nas grandes catástrofes da natureza como inundações, furacões, terremotos, desabamentos ou mesmo nas situações de aflição criadas pelo próprio homem, como nos incêndios, nos grandes desastres aéreos, de trens e de ônibus, nos naufrágios e tantos outros. É nesses episódios que se revelam a coragem, a abnegação e o heroísmo de muitas criaturas anônimas, tantas vezes mostradas em comoventes cenas de televisão que empolgam nossos melhores sentimentos de fé nos verdadeiros valores humanos. Há outros que, em idênticas situações, escolheram esse tipo de vida, engajando-se em profissões voltadas para tal fim, como os soldados do corpo de bombeiros, existentes em quase todas as comunidades e até nas grandes indústrias. Cabe mencionar aqui, também, os salva-vidas que vigiam os banhistas incautos nas praias de todo o mundo e, não raro, se tornam heróis no salvamento de pessoas afogadas.

Há, ainda, entre as criaturas humildes e de bom coração, aquelas que escolheram como profissão serem enfermeiras. Essas criaturas são prestativas, zelosas e dedicadas, treinadas para praticarem o bem em situações as mais difíceis, lidando com a dor e o sofrimento alheios, às vezes, com recursos exíguos, nos hospitais de todo o mundo. Ajudam os médicos em suas tarefas de salvar vidas ou de remover doenças, mas também, na recuperação pós-operatória. Não poderia deixar de lembrar a atuação dessas criaturas em zonas de conflitos e guerras, quando se torna mais evidente sua coragem e operosidade. Não nos esqueçamos de citar aqui, Ana Néri (1814-1880), natural da Bahia e grande pioneira da enfermagem no Brasil, que atuou em 1865 na Guerra do Paraguai, onde instalou, com seus próprios recursos, uma enfermaria na casa onde passou a morar. Recebeu, por isso, do Governo Brasileiro, as medalhas “Humanitária” e “da Campanha”, sendo então chamada “a mãe dos brasileiros”. Entre os médicos, cumpre destacar a figura de Oswaldo Cruz (1872-1917), médico sanitarista, fundador da medicina experimental brasileira e do Instituto de Manguinhos no Rio de Janeiro, que afrontou a ira da população para erradicar a peste bubônica e a febre amarela, esta última com vacina por ele desenvolvida.

Uma faceta do altruísmo é a filantropia, cuja prática revela um grande amor pela humanidade e pelas causas justas. É o caso de Diana Spencer, Princesa de Gales, símbolo contemporâneo da generosidade e da filantropia, morta recentemente (31/08/1997) em desastre de automóvel, em Paris. Mais conhecida como Lady Di, foi consagrada por mais de 1 bilhão de pessoas que assistiram às suas exéquias pela televisão, com o nome de Princesa do Povo. Ela levou a fraternidade aos necessitados de cinco continentes. Jamais negou alimento material ou espiritual a quem lhe estendesse a mão e, mais que isso, abriu caminhos em cenários trágicos, confortou mutilados de guerras e flagelados pela fome e pela doença. Como voluntária da Cruz Vermelha Internacional, visitou os campos minados de Angola, Norte da África, em janeiro de l997 e deflagrou uma luta sem tréguas para eliminação das minas terrestres que mutilam, em tempos de paz, 25000 pessoas por ano. A consagração veio em 17/09/1997, três semanas após o seu desenlace, com a assinatura do “Acordo para Eliminação das Minas Terrestres” em Oslo, Noruega.

Em quase todos os países do mundo, principalmente nos países mais ricos, homens de grande sucesso que venceram na vida, partindo do nada ou do quase nada e fizeram grandes fortunas com seus negócios, fundaram universidades e institutos filantrópicos, doando parte de seus lucros para manutenção dessas instituições. São as chamadas “Fundações” que alocam recursos sem fins lucrativos em Galerias de Arte, Pinacotecas, Bibliotecas, Museus e Organizações Não-Governamentais, estas últimas, principalmente para atuarem em defesa da ecologia e do meio ambiente como é o caso da Greenpeace, que atua em todos os continentes, empregando cerca de 300 pessoas e aplicando verbas da ordem de US$ 160 milhões por ano. Essas organizações e as pessoas que nelas trabalham são verdadeiros abnegados e exemplos de idealismo altruísta, verdadeiros vigilantes e conservacionistas da não-proliferação nuclear e suas radiações cancerígenas, beneficiando toda a humanidade com os seus protestos por todo o mundo. Recebam todas essas criaturas altruístas a admiração e o apoio de cada um dos habitantes deste planeta, pela sua grandeza de espírito e pela sua magnanimidade de propósitos.

No momento em que estas linhas são escritas (20/09/1997), os jornais noticiam que Ted Turner, o magnata americano da televisão a cabo, acaba de doar US$ 1 bilhão à ONU — Organização das Nações Unidas, a serem aplicados nos próximos dez anos na ajuda a refugiados de guerra, à saúde infantil, ao desarmamento de minas terrestres e aos mais necessitados do mundo inteiro. Devemo-nos rejubilar com tamanho gesto de altruísmo!