23 de outubro de 2011

A criatura tem na consciência o juiz dos seus atos. Quando pratica o mal, a consciência lhe dói, insurge-se e protesta.


A criatura tem na consciência o juiz dos seus atos. Quando pratica o mal, a consciência lhe dói, insurge-se e protesta. O indivíduo só está em paz com a sua consciência quando as suas ações afinam pelo comportamento correto, legal, em plena consonância com a moral cristã.
Acontece, porém, que, quando a criatura insiste em proceder mal, a consciência vai cada vez doendo menos, vai-se amortecendo o seu vigor moral, aos poucos perde a sensibilidade, a ponto de parecer que está morta. Os grandes criminosos têm a consciência insensível, sufocada, muda.
Ao contrário, quando o indivíduo se esforça para andar sempre pelo caminho do bem, consultando, a cada passo, a sua consciência, ela se torna sumamente sensível e se mantém nas melhores condições de receptividade para atender aos apelos que lhe são endereçados.
A consciência é uma faculdade espiritual de grande valor. Sem ela, seria impossível o gênero humano se conduzir. Só os animais inferiores e os criminosos inveterados agem inconscientemente.
O astral inferior está repleto de entes que não quiseram, quando encarnados, ouvir a voz da consciência, deixando-se empolgar pelos instintos que os levaram ao estado animalesco. Ninguém que tenha dado ouvidos à voz da consciência, no curso da sua existência terrena, passará pelo dissabor de estagiar, depois da desencarnação, nos antros pestíferos do astral inferior.
O ser ascende ao estado humano logo que adquire recursos para fazer bom uso do livre-arbítrio e para ouvir e respeitar a voz da consciência. Se todos bom proveito tirassem desses atributos, que se acham ao dispor de cada um para a solução dos problemas terrenos, a vida seria um permanente manancial de alegrias e satisfações.
A falta de consciência é revelada sempre que se constatam atos recriminatórios contrários às leis naturais, ao progresso, ao bem-estar coletivo. Ela aparece nos lares, no trato com os familiares, no trabalho externo, nas relações hierárquicas e, na vida pública, nos postos governamentais.
A desordem administrativa, o elevado custo de vida, a falta de assistência social, que tanto prejudicam a estabilidade dos encarnados, são fruto da irresponsabilidade, de ambições descontroladas, de desvios de energias, de desequilíbrio moral, e têm, como origem, o desprezo pela voz da consciência.
Ninguém diga que procedendo mal, agindo com incorreção, deslealdade e desonestidade não sabe que está errado; o indivíduo erra, conscientemente, na maioria dos casos, para beneficiar-se e dar satisfação a interesses subalternos e inferiores, que falam alto no seu interior.
A Força Criadora possui Consciência Absoluta e suas partículas componentes, como espíritos encarnados ou não, expressam-se pela consciência, como derivativo moral das condições espirituais. Viver, pois, de acordo com a aviventada consciência, é ajustar-se às leis que regem o Universo, as quais, quando unanimemente respeitadas, induzem ao equilíbrio em todas as funções.
Muitas vezes, por um dever de consciência, tem o indivíduo de agir contra os próprios interesses, mas nem por isso deve vacilar em dar o seu pronunciamento honrado, à custa de qualquer sacrifício. Desta vida terrena, o que se leva para o acervo espiritual são somente os feitos dignos e nobres que tenham servido de exemplos a outros para a manutenção da estrutura ideal dos hábitos e costumes e a efetivação de todos os princípios moralizadores.
Normalmente, o indivíduo que trabalha não o fará porque o chefe está exigindo; os alunos que estudam não o farão pelo temor de castigo; num como no outro caso o que deve imperar, acima de tudo, é a voz da consciência. O trabalhador e o aluno não precisam ser vigiados para que cumpram os seus deveres; cada qual tem de dar satisfação à sua consciência e, por isso, deve trabalhar e estudar conscientemente. Este o panorama correto da questão: todos precisam ter consciência das suas obrigações, e deverão executá-las tão bem como melhor puderem, independentemente das exigências de terceiros. Desse modo, se apura o senso da responsabilidade, que anda tão escasso no mundo.
No caminho da espiritualidade é a voz da consciência que deve ecoar, em todos os momentos, pois, se o desejo é o de acertar, não existe meio mais indicado do que atender ao sentido justo das coisas, com a interpretação pautada pelo bom-senso, pelo equilíbrio, pela razão.
A voz da consciência reflete sempre uma orientação superior, quando ela é realmente da consciência. Muito cuidado com as intuições do astral inferior. Analise-se, antes, a pureza das intenções, pois as forças inferiores, como todos sabem, não transpiram pureza. Não se queira atribuir à consciência resoluções despidas de grandeza moral.
A consciência não se educa, por ser a educação nela inata. A consciência revela-se através da alma, de forma cada vez mais apurada, na medida da evolução já alcançada. Esse apuramento decorre do fato de tornar-se a criatura, pelo processo evolutivo, com maior entendimento, mais capaz, mais esclarecida, mais consciente. A consciência dos fatos se dilata na proporção do aumento da capacidade individual e de conformidade com a modulação vibratória que se desenvolve, até sintonizar com a Consciência Absoluta.
Assim, a expansão do estado de consciência subordina-se ao progresso espiritual. Eis por que só no caminho da espiritualidade encontram os seres os meios eficazes para atingir os mais altos graus de consciência. A espiritualidade é sempre a base, o ponto de partida para toda e qualquer iniciativa que tenha por objetivo alcançar os páramos superiores de evolução.
Dá-se, deste modo, no Racionalismo Cristão, o maior relevo ao acatamento que se deva conferir à voz pura da consciência. O que se precisa educar, para ouvi-la e compreendê-la, são o raciocínio e a lógica. Somente no trato diário com as questões espiritualistas se chega a sentir o efeito harmonioso das deliberações que marcam diretrizes sob a influência estimulante da voz da consciência.
Esperemos que a humanidade possa, o quanto antes, dar mais valor aos ditames da consciência. A falta de lealdade de uns para com os outros tem sido a causa principal de se não consultarem os nobres preceitos da consciência. Em geral, não se cogita fazer o que melhor fala à razão, mas o que mais convém. No que mais convém estão, quase sempre, os interesses materialistas inferiores e o egoísmo, que procuram manter-se velados.
Não é correndo sofregamente atrás de riquezas terrenas para dar expansão aos desejos ocultos, de aspecto negativo, que alguém poderá despertar a consciência adormecida no íntimo de sua natureza. Aproxime-se cada um da sua consciência, vivendo com renúncia, com desprendimento, com elevação moral e o propósito salutar de algo produzir em favor da coletividade.
A consciência adormecida pode sempre ser despertada, desde que mudem as aspirações acalentadas, desde que se transforme o modo de entender e procurar a felicidade, desde que se tenha por finalidade buscar para o espírito os tesouros eternos que lhe têm de ser agregados. Isso não significa que os seres precisam despojar-se das riquezas terrenas; o uso dessas riquezas é que deve ser feito racionalmente, consoante a serventia que oferecem, sem permitir que obliterem o vigor da consciência. Nesse ato reside a sabedoria que deverá ornar a vida espiritual dos que se propõem a atravessar a existência terrena pelo caminho da espiritualidade.

Do Livro A Felicidade Existe do escritor Luiz de Souza