A afinidade entre as pessoas decorre da igualdade de
sentimentos, de idêntica forma de pensar e raciocinar. São criaturas que
tiveram longo curso de experiências semelhantes, por via das quais chegaram a
conclusões mais ou menos idênticas.
Elas dão‑se bem umas com as outras, estimam‑se
mutuamente e têm prazer em encontrarem‑se e ficarem juntas.
O ideal seria que marido, mulher e filhos tivessem
afinidade plena, para que o entendimento entre eles fosse completo, sem
discrepância, irrestrito. Essa ventura pode ser desfrutada em Planos
Superiores.
No entanto, neste laboratório terreno, as condições
são outras, e marido, mulher e filhos têm de se conformar com as diferenças de
gênio, de temperamento, de gosto e de ideais, que imperam no seio da família.
O Racionalismo Cristão assegura ser a família
constituída de seres oriundos de planos diversos de evolução, justamente para
que sejam exercitadas a tolerância, a necessidade de saber ceder ou não ceder,
quando for o caso, a cooperação com índoles desiguais, a obrigação de se
ajustarem para uma vida em comum e unida.
Muito se tem de aprender com essa disparidade
sentimental em que cada um está sempre pronto para puxar na direção oposta. O ideal
é haver uma força de contenção para pôr o grupo em equilíbrio, e todos precisam
colaborar para que essa força não desapareça.
O que fortalece tal força, é a conduta dos pais, a
capacidade de compreensão posta em relevo, a oportunidade de se oferecerem
conselhos e exemplos para o cultivo da espiritualidade.
Por esse meio, as diferenças tendem a desaparecer,
porque imperando o bom‑senso, o critério, a boa‑vontade, a autoridade e o amor,
as almas acabam por entender‑se, reconhecendo onde está a razão, aceitando‑a e,
com isso, promovendo o estabelecimento de uma afinidade que tenderá a
desenvolver‑se.
A afinidade dos seres, de uns para os outros, será
completa em graus superiores da jornada eterna, e já se podem considerar
felizes os que a sentirem na Terra, embora com as suas limitações.
A afinidade e a amizade andam sempre juntas, e se
esta é um dom espiritual em cultivo, aquela também não deixa de o ser. Daí a
sabedoria superior que orienta a constituição do lar na base dessa verificada
carência de afinidade, para que ali se estabeleçam correntes afins, através do
afeto, da dedicação, do reconhecimento, da proteção e do auxilio, com o que
muito se conseguirá no sentido do fortalecimento da afinidade.
Como se vê, a afinidade tem a sua participação
na conquista da felicidade, uma vez que os que se estimam e se sentem unidos
por sentimentos afins, experimentam uma dose de felicidade quando se aproximam,
e juntos podem conviver.
Do Livro Ao Encontro de Uma Nova Era - Racionalismo Cristão