Filial Sorocaba São Paulo
Dentre as muitas revelações que o espiritualismo tem apresentado,
está a lei do retorno, ou de causa e efeito, cujo conhecimento é de importância
capital. Todos os atos praticados, nocivos ou benéficos, e as palavras
emitidas, construtivas ou destrutivas, atingem o objetivo e produzem ação
reflexa, volvendo ao ponto de partida.
Assim, num crime cometido contra um terceiro, há uma ação
praticada; esta atingiu o seu fim, com a sua consumação; mais tarde, em ação
retroativa, retorna ao agente, para completar o seu ciclo.
Afirmava Jesus: “quem semeia ventos, colhe tempestades”. Na
ação de retorno, o mal ou o bem voltam sempre, muitas vezes, com cargas
revigoradas. Note-se como se reproduzem as sementes; de uma que se plante
nascem dezenas ou centenas; é a lei do retorno em ação.
O mesmo se dá com as palavras; elas são emitidas pelo pensamento,
ativas e imantadas de energia, atingem o alvo com maior ou menor intensidade,
conforme o calor com que foram proferidas ou projetadas, e as suas vibrações
voltam ao ponto de origem, carregadas de novas energias, não raro, com o seu
potencial de força aumentado.
Se as palavras forem de natureza construtiva e traduzirem coragem,
ação, saúde, bondade e amor, conduzem cargas chamadas positivas, como positivas
serão também as ondas vibratórias de retorno. Ao contrário, se as palavras
proferidas forem destrutivas e estiverem saturadas de ódio, malquerença, perfídia,
ingratidão e vingança, transportam cargas chamadas negativas, como negativas
serão também as correntes vibratórias de retorno.
O Racionalismo Cristão chama a atenção para o fato de estabelecer-se,
ao fazer-se mal ou bem a alguém, contato com esse ser e, pelo fio de conexão
entre ambos, receber-se o reflexo da boa ou má ação praticada.
“Quem mal faz para si o faz”, ou “quem bem faz para si o
faz”, são afirmações conhecidas na aprendizagem racionalista cristã. Essa é a
verdade; isso é o que acontece. A lei do retorno não falha, por ser imutável
como as demais leis que regem o Universo.
Por falta de conhecimento dessa lei, é que há tanto
sofrimento no mundo. Ninguém, que esteja praticando o mal, pensa, por um só
instante, que está sendo a maior vítima dessa mesma prática; que tudo quanto de
ruim estiver desejando ao seu semelhante, lhe virá a acontecer, na ação de
retorno.
Muitos sofrimentos atingem pessoas que a ela não deram
motivos na presente encarnação, e os que nada conhecem de espiritualismo, começam
a falar na ‘‘injustiça de Deus em castigar quem não merece”, etc., etc. Eis o
mal de andarem os indivíduos às cegas, daí resultando, não poucas vezes,
tornarem-se ateus, blasfemadores, desrespeitadores e descrentes na própria
vida.
Pode o indivíduo estar movido, na encarnação atual, das melhores
intenções, empenhado em não fazer mal a ninguém, e desejoso de manter-se em
clima cordial, no trato com o próximo.
Isto prova que as lições do passado estão lhe valendo muito,
que tem bem gravadas no subconsciente as experiências que a vida lhe
proporcionou em existências pretéritas; mas não quer isso dizer que não tenha
débitos contraídos, até mesmo em épocas remotas, ainda não resgatados, e que
precisam ser liquidados e extintos para sempre.
Ocorre então, nesse caso, numa encarnação bem aproveitada,
quando os dotes da bondade expressam a queima dos valores negativos e dos erros
consumados em etapas longínquas, sem motivos aparentes, em se levando em conta
apenas aquela existência corrente, o quadro dramático pode aparecer, assinalado
de cores vivas e impressionantes. É o retorno de ações distantes que concluem o
seu ciclo. O desfecho final com a conclusão do ciclo pode retardar, mas
consuma-se, implacável e inapelavelmente.
É isso que está estabelecido nas leis universais, e não há
ninguém que as possa alterar. A tola idéia de que “Deus concede perdões”,
pretende, ingenuamente, destruir, modificar ou violar essas leis.
Os que conhecem espiritualismo não têm mais necessidade de
andar às apalpadelas, adivinhando as coisas de ordem espiritual, sem
conhecimento de causa, num mar trevoso, como é o ambiente materialista terreno.
Quem tiver a convicção de que a lei de causa e efeito, ou de
retorno, é um fato indiscutível, por certo não irá cometer a leviandade de
praticar um ato que lhe traga, depois, dores e sofrimentos.
Os que não admitem a realidade dessa lei, poderão explicar,
por acaso, por que andam por aí a arrastar-se pelas ruas numerosos seres, na
mais deplorável das condições físicas? Podem as religiões dizer alguma coisa
sensata sobre isso? A única explicação possível é aquela que advêm do
conhecimento da lei do retorno, na sua profundidade.
Muitos erram por viverem descuidada e despreocupadamente, em
virtude de desconhecerem os correspondentes efeitos do erro, e pensarem que
nada lhes acontecerá depois. Viram que outros erraram sem que mal algum
aparente lhes tivesse acontecido, sempre presos à idéia restrita de que a vida
é, apenas, o número de anos de uma encarnação.
Acontece que o tributo dos erros pode começar a ser cobrado
na própria existência física em que foram cometidos, mas, na maioria das vezes,
essa cobrança vem mais tarde, em encarnações futuras, no meio melhor escolhido
ou preparado para produzir as reações recuperadoras.
Muitas criaturas custam a acreditar que o período de uma encarnação
seja muito menor, por mera comparação, do que uma gota num copo d’água, em
relação com a vida eterna.
Uma encarnação é um lapso quase insignificante na trajetória
do espírito. Por isso os débitos não precisam ser resgatados em uma única
existência física, quando todos terão milhares de vidas físicas ao seu dispor.
Há pessoas que passam toda a fase de uma encarnação praticando
o mal, errando, ferindo, lesando o semelhante e desencarnando com um volume
considerável de débitos. Que se poderia fazer depois com eles, sem a
oportunidade de retornar ao mundo, em corpo físico, para se redimirem desses
crimes, no cadinho da dor?
Aqui na Terra, e não no Plano Astral, é que se fecha o ciclo
da lei do retorno; o faltoso é obrigado a reencarnar para ter a chave do
fechamento desse ciclo.
Não adianta tentar fugir, procurar uma saída diferente,
porque em vão encontrará a criatura outra solução para o seu caso que não seja
a de reencarnar e suportar na carne todos os revides impostos pela lei de causa
e efeito.
Só há um meio de escapar o indivíduo de ter de arcar com a
carga de uma encarnação desventurada; é não proceder mal, não criar débitos, e
semear boas ações para que, pela lei do retorno, receba os seus frutos de ótimo
sabor, e com eles construa a sua felicidade.
Do Livro A Morte Não Interrompe a Vida